Sou o que sou

Minha foto
Sampa, SP, Brazil
Sou terra, por ter razões. Sou berro, se aberrações. Sou medo, porque me dou. Sou credo, se acreditou

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Sobre poeira, cirandas e cantilenas


O paraíso é um lugar onde
nada se transforma, tudo se cria.
Ecologicamente incorreto...


Ele tem duas santas
duas santas lhe convêm
uma lhe cobre de mantas
outra lhe dá o vintém


Abuso do uso
oculto-me
ocluso distorço
o fuso
professo-me
profuso
obtuso disfarço
o luso

O paraíso é uma enorme
mesa de quitutes
onde comemos sem parar...

Uma Santa lhe corta as unhas,
acaricia os pelos
e lhe cora as faces...
Outra ouve-lhe as poesias,
canta aos seus apelos,
e põe as pernas a enlaces


confuso do uso
abstrato
retrato
concluso ato
perfuro e mato
abuso
destrato

O paraíso é um bordel
onde pululam vaginas
sempre lúbricas
e pênis eternamente eretos


Uma Santa lhe varre a casa,
arruma a mesa
lambe-lhe com destreza
Outra tece-lhe sonhos,
ouve seus bisonhos,
afaga-lhe o ventre
aguça sua mente...


Castro desuso
perpetuo
atuo no vasto
astro recluso
objeto permuto
mudo
duro alabastro


O paraíso é uma Rodeo Drive
com cartão de crédito sem limite...


Ele tem duas Santas
duas Santas lhe convém
uma Santa a direita
outra Santa a esquerda
para as duas ele reza
às duas serve de presa,
mas no altar, sem ninguem...

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Esboço de uma Sinfonia


Penso numa Sinfonia, que surja assim, como poesia...
Será tarefa pouco fácil, aliás, exigirá percepção tátil
olfato aguçado, visão esmiuçada e audição impecável.
Ainda estudo alguns temas, penso em alguns dilemas
que percorrerão meu caminho, às notas do pentagrama,
no decorrer do pergaminho...
O primeiro movimento, já anteouço no início,
uma lúgubre linha de contra-baixos, que me darão
provimento à esses tempos difíceis, poucos propícios,
que rastejam lentamente, em segundas menores
descrevendo outros futuros piores...
Cadências ostensivas no naipe das cordas,
seguirão pesadas em acordes dissonantementes mundanos
expressando tempos profanos, de gangues e hordas
Na percussão, tímpanos conduzirão o ritmo trépido
da cavalgada apocalíptica em sete por oito, com tesis
no primeiro tempo, seguido de rufar de tarois estridentes
contra-ritmando em ternário, absurdo e azafamo berçário
de indigentes, balaústres pingentes de todo tipo de gente...
Em solene momento, entram em solo, trombetas anunciantes
em notas longas e arrasantes, em acordes poderosos e
células rítmicas iguais, mostrando soberbas fenomenais,
ponteadas nota a nota por caixas dilacerantes como
nunca se ouvira antes...
Após a abertura, suave melodia se prostrará, vindo do
naipe das madeiras, onde um colóquio melódico entre
um oboé,uma flauta e uma clarineta, mostrando que ainda
resta alguma candura, entre os homens de boa vontade,
mesmo que na clausura, poderá existir ainda justa sociedade...
Os metais agora abafados em surdinas, seguem calçando
pomposamente aquele colóquio, em pianíssimo,
com solenidade perene, “andantíssimo"
majestosa harmonia, como se belas aves bailando
seguem em perpetuo cânone, com um certo ralentando...
Numa coda final, resumem-se tocatas magníficas, entoadas
em “tutti”, com a orquestra bradando em peso, como se
todo humano tivesse semblante de paz em veste honorífica...
Arpejos aéreos vagarão docemente,tal como
sorriso de apaixonado adolescente, acompanhando em piano,
em harmonia ascendente...
Trítonos contundentes, se insinuarão em trompas e
contra-fagotes, em acordes diminutos menores, mutantes,
digladiarão com pífanos estridentes, tal qual laminas cortantes
anunciando todos estupores, como estranguladas glotes...
Este será, do primeiro aos últimos movimentos, o mote.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

A Ilha (ou Feliz Ano de Novo...)

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desamorkflçdioiseriqmmclvljxppopulênciapiquieojkfcrt
aksçdkjaijdiuuefdfd6guerraxfkdlçfsipiwesolidãosçdksd
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jaklsdismágoaxe0yuqwa idosjkisujeirasxkacovardiaytwe
ndjsluxúriadsmorteiodpsdasjdoinfâmiaxlesidmisériadkl
dskiaviolênciaojfkkjvkdsudespotismozfifposjuquqyaszx
ajslanalfabetismomakamediocridadexufiodfknhhuspeq
kdlksoiahipocrisiahjvíciokkrtrepressãonabskjhdrogastnk
jarsdhsubserviênciaovcxklkkxescravidãoxkjdksjçaicnmx
djksiedorhdlçsangústiaxmnkabzxxzpodridãojjeditaduras
hjsnjdauiosqwjkspobresadçlkfposwriitristezapdksjlakzas
ajkódioduswesabxioopressãoçskoifajisoeindiferençawd

sábado, 5 de dezembro de 2009

Panetone de arruda ( sugestão prum sambinha sem-vergonha)



I
Panetone de arruda
Esse ano Brasília vai tê
Vô prantá pequena muda
Pra dá di todo mundo cumê

Tem cuíca no sambinha
Pro povinho todo sambá
Tem dinheiro nas cueca
Nota de 100 vai melecá

(refrão)
êêê bunda lelê-ê
aaa bunda lulá-á
panetone de arruda
a povo vai exprimentá

êêê bunda lelê-ê
aaa bunda lulá-á
o dinheiro nas cueca
é pro povo assustentá

II
a arruda tava podre
antes mesmo de prantá
resorvero bota o omi
adespois, n'outro lugá

num deu outra minha gente
nota de 100 foi pará no cocô
e arruda podre, e fede
os panetone azedô

(refrão)
êêê bunda lelê-ê
aaa bunda lulá-á
democratica arruda
o povo vai é se ferrá

êêê bunda lelê-ê
aaa bunda lulá-á
panetone nas cueca
toda grana vai melá

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Cinco (a)casos, alguns destinos e um Deus.



Pedro trabalhara a vida toda, de sol a sol,
Sempre vivera com grandes dificuldades.
Um belo dia, a loteria lhe fez os números.
Teve um derrame, de emoção.
Ao menos teve grana pra pagar a enfermeira
pra lhe dar comida na boca e trocar-lhe as fraldas
sem reclamar tanto...

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Janice fez uma estripulia.
Cabulou a última aula, pra namorar o namorado novo.
Encontrou com João e foram passear no Jardim Botânico.
Janice tinha 16 anos.
Foi estuprada no horário da aula de Geografia.
Seu corpo foi encontrado depois de 20 dias,
em meio a árvores frondosas.
João desapareceu.

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Aquele dia seria muito especial para o jovem Amnon.
Tudo preparado para seu Bar-Mitzvá.
Aprendera todos os cânticos.Leu a Torah pela primeira vez.
Sua mãe continha o choro nas galerias da Sinagoga.
Tudo ocorreu como de costume e perfeitamente.
Após 10 anos daquela data, Amnon, já no exército de Israel
perderia a vida sob uma granada, na faixa de Gaza, junto com
um soldado palestino, Mahmud, da mesma idade.

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No fim de semana tão esperado, Vanicleide ,
filha de Cleidemir e Vanizete, naturais da Paraíba,
se encontrou com mais cinco amigos e foram
ao shopping center Tijuca, mostrar sua nova
calça jeans com cintura baixa, super-justa e
ver vitrines de outras roupas que jamais conseguiria ter.
Divertiram-se a valer, com dinheiro contado, e outro
reservado pra condução da volta.
Tomou sorvete, deu uns passos de funk, na porta
da loja de CDs, paquerou, como qualquer garota de 17 anos.
Vanicleide ficou paraplégica, depois de ficar no corredor
do PS público da periferia, por 5 horas esperando ser atendida
para que lhe retirassem a bala perdida

incrustada em sua coluna...

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Todos o conheciam no bairro como, Paulinho “Pede Cana”...
Devia em todos os botecos da Vila Madalena.
Nunca pagou, por certo.Vivia “pedindo o mézinho”...
Um tarde, tipo 6 horas, já completamente de cara cheia,
trôpego a mil, foi gravemente atropelado por um motoqueiro

malucão, mais um desses de Sampa, que se mandou, obviamente...
Paulinho “Pede Cana” ficou 15 dias em coma.
Acordou de repente, numa tarde ensolarada de Domingo.
Em êxtase, disse que subiu aos céus e foi ordenado a
mudar de vida.Teria uma missão.
Virou pastor crente num templo do Jardim Japão.
Aleluia !


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E Deus, cuidava de seu jardim no universo...

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Que grande ideia

(na foto, Carol e seu irmão, Fauzinho)



A Carol tem 16 anos, é minha "priminha-neta" ( nós descendentes de italianos, somos inventores de graus de parentescos inimagináveis !...), neta de Jurema, minha prima-irmã, e filha de Fauzi e de Maria Fátima , tb meus primos.
Bem, apresentações feitas, olha que legal e criativo o que ela escreveu para a escola, com o tema "Reforma Ortográfica", sugerido pela professora :

Que grande ideia tivemos
Ao mudar nossa língua natal
Ficou mais parecida com a que falava
o Vice-Rei de Portugal

Não foi minireforma
Desapareceram acentos, que joia
Sumiram circunflexos, quem diria
Pessoas não creem no que leem

Mas nós pan-americanos
Super-homens, supersônicos
Pedimos que se averigue
Se os voos seguiram bem

E nos churrascos gaúchos
Para que se apazigue o ânimo
Alguns, sem autocontrole
Só comem linguiça sem trema

E como se não bastasse
Nosso alfabeto, quem diria
Ganhou letras novas, que são :
K,Y e W

Caroline Rocha de Melo Pimenta Skaf

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Instituto Sacrosântico de Nomeamento



De acordo com o inciso 5º , do parágrafo 2º, do apêndice extemporâneo, abcluso da 100ª
instância debolecadora da perínfea exagonal da Constituição Sideral, não se abjetam as perênclias instrucionais que rezam e tergiversam nas alêndronas esfínticas do acórdão instituído pelos meritíssimos Doutores, já calendos e parassintéticos togados nas cercânias intra-pleurais, Senhores absolutos aqui pré-nomeados, sendo eles, abssínticos, analícreos, colunáceos , os quais nomeia-se a seguir, impetrosamente :

- Sua Santíssima Santidade, cátedro vitalíneo da sapiência divina, excelentíssimo Doutor Sr. Jose João Paranhos da Imaculada Conceição d’Almeida Sfinkter da Silva;

- "Exacre-Causae", datavênioso ejactante, de extrema veniência, sua excelentíssima excelência e excelente, Senhor Doutor Marionte Cardoso Albuquerque Moura Raton da Silva;

- Incólume, inaudível, amabilíssimo, anacreontico e metascrático, Sr. Doutor Pedro Honoris Sucumbacci da Silva e Silva, professor-doutor-phd-MBA-SCI-DOICOD em trigonologo-político-psicogastricologia;

- Metereoríssimo dentário buco-parlamentar, emério e proscrástico sócio-fundador do Clube de Roterdam da Paraíba, Sr. Doutor Cícero Pimentel Onofre Godofredo Scarting Sousa e Silva Praxedes da Costa.

Nomeia-se, sem contra indispostos,destravantes e abolecamentos, transsexuais, impertinências e/ou discurcivas precatorianas , empossados estão , cardiolisticamente apoiados nas conjecturas apocalípticas, sem sequer asseveclar tributariamente, nas contrapartidáceas infra-sonoras,
informacionais e tribalísticas.
Mutatis mutantis ritalíricos, execra-se quaisquer indisposições pré-vomitantes sub-contrárias e latejantes, entre elas as gineco-avassaladoras, inflamatórias, bem como as papanicolônicas pubianas e correlatas.

Assino escrevendo-me em sub-positório e por debaixo com toda falácia que me é doidivanamente asseverada, nesta data e local;

Sr.Doutor Sua Extrema Excelência, todo poder e glória, Dr. Deuseclídio Jesuítico dos Santos Nobres Lemos Bastos Barbosa Machado da Rocha Franco e Silva, desembargador do noblérrimo extraconjugáceo Tribunal do Supremo Supra Sumo Sancretino da Letônia.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Jungle Street

(Música Instrumental de J.E.Canônico)
(Catherine Deneuve, em cena de "Belle de Jour")


Aquele verão prometia...
Nas horas que ainda não eram
o sol chegara forte e antes
num tempo errado aos relógios.
Ela chegara de soslaio,
à la belle de jour,
já semidespida
na tarde em meio,
ainda cedo, sem alarde
de brilhoso perfume
como lânguido alarme...
Joga-se jocosa,
jazida em meu leito
sem pudor, aguça o calor
sempre de seu jeito,
roçando-me o peito...
A mornidão dos ares
que chegaria ao anoitecer
nada impediriam
da lascívia nua escorrida,
da cirúrgica mordida,
das janelas escancaradas
em pernas escorregadias,
até que, inebriados
do quente mel explodido
o torpor da exaustão
e odores de terra e pão
nos abrandaria...
Antes mesmo da hora,
daquela que não seria,
do primeiro ávido do dia
tudo recomeçara
úmido,devasso, purpúreo
ato pleno, que extasia
naquele verão
que prometia...

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

geodésia


Na solidão cúbica do meu quarto
dentro de convexa madrugada
deitado em lençóis planos
vejo triângulos fixos internos
de quatro paredes retangulares,
cheias de pontos, retas e nada mais...

Meus ouvidos assimétricos
repartem um Haidn em ré maior
preciso e exagerado, sem pecado
tocado por ágeis dedos tubulares
num Steinway de cauda trapezoidal,
com o ruído redondo de um frigobar,
cheio de frio, gelo e nada mais....

Olho nas sombras de um roto abajur
projetadas por flashs de luz elíptica,
rotas cortinas improvisadas em dó menor
que caem como gotas senoidais
dentro da cuba estelar côncava,
cheia de louça, água e nada mais...

Meus dias se esvaem retilineamente
parto agudo, geometricamente
entorpeço , vem o sono...
Desdobro-me.Já é tarde...
Já cedo, relaxo sem medo
o som e a luz se mitigam
as sombras e a calma vencem,
cheias de traços, fugas politonais e nada mais...

domingo, 1 de novembro de 2009

Divas linhas, pérolas, dunas e rosas...

(para a amiga Poetisa, Cintia Thomé)



Delineio em fina pena arqueada
sobre papel de pele anacarada
curvilíneas pétalas de seda
sedam curvas e linhas ledas
esboço de pérolas em traços
quais pentagonais abraços
traçam rotas superfícies
beatas e ardentes sandices
vermelhas de veludo alado
e em brilho, esquivo orvalhado...

Esculpo sobre a tez da rosa
lamentos de versos e prosa
tatuagem de sal e miragem
refletidos em sua imagem
poucas Divas, outras em dunas
preenchidas com semibreves
de nanquim, tênues e leves
todas imaculadas lacunas
tal como sorrateiras brumas

Entorpecidos alentos
de sopros espargidos em ventos
flutuam por sombrios arrabaldes
soando brandos, sem alardes
impregnam toda gloria
acalentam perfilada historia
daquelas doces pétalas rubras
com as quais, desejo que te cubras...

Curvilíneas dunas de Divas peroladas...

sábado, 31 de outubro de 2009

Hey, Joe !

(pra amiga Beatriz Mecozzi Moura, a poetisa CD...)



Quantas Itálias no sertão da Bahia
In concert (eu)Napolitanos
Saaras de dunas e cordas em sol maior
afrescos genéticos gitanos
Blue Eyes de gatos caatingas
Tem penas nas mãos
literal sedução de poesias
de Matisses , Pinéis , ventanias
qualquer Freud , alegria ! alegria !

Tenha pena de nós, oh ! Diva…
de Hendrix over the Phoenix


Psique de veios paulistanos
avenidas noturnas dormentes
de trens descarrilhos
retinas lunares em brilhos
nas baladas dolentes
de todos nós
quão andantes sós
rivotrílicas mentes

Tenha pena de nós, oh ! Diva…
de Hendrix over the Phoenix

Quantas hilárias no portão da agonia
dos infantes, marcos e pontes
que lhes bebem às fontes
vertigem, amor, alegoria
dual dualismo de dunas
Hello pussycat ! , de todas as plumas
refrescos de umbu, açaí ,
sushí, peixe cru ,mel de jataí
raiz forte, Itália do Norte
joga tuas letras, deixa-nos fortes
joga tuas telas, beija-nos à sorte

Tenha pena de nós, oh ! Diva…
de Hendrix over the Phoenix


Distortion guitarras em fogo
mocidade pra lá de Woodstock
Very(diana) crazy shock
tempos estáticos, malogro
caminhos paralelos reflexos
(des)encontros sem nexo
jogo-me em lúgubres teias
napalm ardem aldeias
Apocalíptica Nau
loucura transcendental
túnel do desvairío do tempo
homems de Neandertal...

Tenha pena de nós, oh ! Diva…
de Hendrix over the Phoenix

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Hipérboles, jactâncias e esporros

(pro amigo poeta, Alvaro "Alcanu" Nunes)

tenho estado meio assim, meio assado
tenho andado meio voando, meio parado
completamente amuado, coitado
acho que estou acabado...
meio sentado, meio de pé
a merda da poesia estragou meu café...
lembrei dos bons anos do Pelé
nos tempos do Santos
dribles, olés, mil espantos
puta que pariu !
o negão era foda
todo inteiro, nada de coda
estopim, pólvora e pavio !
atravessa o campo na esteira
leva a pelota na chuteira
chega na meia-lua
chuta do meio da rua
e arrasa o barbante
levando a galera ao delírio
acachapada, som esfuziante...
uma noite “mezzo alice,
mezzo mozzarela, capice ?
um dia calamitoso, outro lambroso
meu pau amanheceu pomposo
(“raridade hoje em dia”, como
diria minha tia...)
que pena que estava sozinho
sem o meu benzinho
pra dar uma, duas, três
quem sabe de uma vez
ai ! que saudades de meus 25 anos
sem nenhuma sensatez !
que transava no ato
até de meia e sapato
ajudo o pequeno inseto
se piso nele, ele morre
um budista me ocorre
não tenho o direito a tal morte
tampouco à sua sorte
só por conta da diferença de porte
sou eleito por algum conceito
baita cheiro de perfume barato
mas ela me diz que sou gato !
ouvindo um samba do Cartola
porra...num me amola !
o pão frito queima na frigideira
enquanto aquela vaca
se penteia naquela penteadeira
agora, paro e penso, na boa
qual heterônimo me importa,
em qual barca me transporta
senão os de Fernando Pessoa ?
o dia está plúmbeo, muito turvo
mas que merda de cultura é essa
que me assola à beça
e quem por ela me curvo ?
que “manezinho plúmbeo”, meu !
use o cinza, cacete !
todo mundo entende e está acabado!
larga de ser porrete !
minha cara amassada de sono torto
meio vivo, todo morto
sonhei pesadelo morno
que torrava o saco no forno
indolente, indecente, inclemente
como deve ser qualquer pesadelo
só mistério , sem desvelo
me faz acordar ausente
tropeçando de madrugada
em cadeiras espalhadas na escuridão
do meu quarto inteiro
indo esvaziar , no banheiro
quem me dera ter um quarto de milha
ou um barco de longa quilha
num haras, oásis, harém
pra manter doce balanço
sem esforço pra meu alcanço
libidinoso vai e vem...
o piano está aberto do meu lado
talvez toque um clássico,
ou componha um fado
com uma letra à toa,
nada que lembre Pessoa
porque hoje, agora, é mais preciso
mesmo que abnegue todo juízo
me sinto meio andando, meio parado
meio assim, meio assado
pura desordem, puro enfado...

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

La puerta se cerro detrás de ti...


Nada adiantara a descompostura de “cubalibre” que havia tomado...
O perfume de Cabochard misturado ao de tabaco
ainda impregnava seu paletó listrado,
de casimira inglesa com corte italiano, como nunca antes...
E o toque crespo da meia de seda, interrompidos pela costura
por trás das coxas, e a descoberta da pele entre a cinta-liga
ainda lhe faziam transpirar avidamente...
Aquela noite seria uma tortura, inacabada...
Ainda mais sabendo que ela com sua volúpia exuberante
jazia nos braços de outro, a dançar as danças de pernas lascivas...
...a lembrança da imagem de seus olhos borrados
pelos fluídos da luxuria de um beijo lambido e indecente,
fazia-o morrer lentamente...

"La puerta se cerro detrás de ti..."

(trilha : "la puerta", de Luís Demétrio. Canta Roberto Yanéz.)

sábado, 17 de outubro de 2009

O bar do China, da esquina...



No bar do China, lá na esquina
tem pastel de todo tipo :
“Cáni, quezo, pamitu”
Tem rango comercial
arroz, feijão, bife e coisa e tal
Entra toda gente
velho, pobre, rico, menina
nem todo mundo contente
só quem traga uma cana
acaba e finge sorridente...
la no bar do China...
Tem “sulasquino de flango”
bem temperado
tem bêbado capengando,
trabalhador mal humorado
tem tempurá, muito engordurado
Dono e dona, chinês
Emplegado blazilelo, “baiano”
as vezes pinta até boliviano
mas sempre tem freguês
Tem mesa onde come tudo junto
pode até ser mesa pra defunto
depois de uma briga parida
ou, vai ver, de bala perdida...
No bar do China, la na esquina
tem todo tipo de gente
tem pastel, petisco e aguardente
menino moço, irreverente
mini-saia de bonita menina,
lá na esquina...no bar do China !

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Aquecimento Global : Blogagem Coletiva


· Numa palestra em algum lugar do mundo, foi perguntado qual o mineral mais valioso da Terra. 35% respondeu ser o OURO. 30% afirmou ser o DIAMANTE.25% concordou nos minerais radiativos.8%, na flora.2% , na ÁGUA.
Eis a importância do MINERAL MAIS IMPORTANTE DO PLANETA, no imaginário das pessoas...Quem desconhece o que lhe mantém a vida em sua mais palmar significação, que dirá do ar que respira, ou efeito-estufa, câncer de pele e que tais... O Homem aprende pelo amor ou pela dor...O livre arbítrio está à mesa...Contudo, a minha liberdade vai até onde começa a sua liberdade e vice versa...Todo cuidado é pouco e necessário.

· Sou de um tempo (e não faz tanto tempo assim...) em que as famílias, as pessoas se reuniam diariamente , após o jantar (Sim !...jantávamos juntos, numa mesma mesa...) pra contarmos uns aos outros, como foi o nosso dia. As vezes até discutíamos assuntos familiares...normal ! Daí, chegou a televisão, que tomou o seu lugar na “sala de visitas” (Visitas : pessoas que eram convidadas ou chegavam espontaneamente, pra compartilhar a conversação...). Diminuíram-se as conversas, pois desviram-se os olhares. Contudo, AINDA era bom. Ao menos, opinava-se coletivamente sobre algum programa, coisa e tal...Mas, piorou muito. A industria cresceu e os tentáculos do “conforto” do consumo se alastraram em nome de um “progresso” desmedido (mal distribuído e desgovernado, visando sempre um lucro exorbitante...), inundaram as casas com toneladas de televisores. Agora, esses aparelhos tomaram conta da casa toda. Estão nos quartos, na cozinha, no banheiro, ou onde voce quiser levar o seu apanágio...E as pessoas não se reúnem mais, nem pra jantar, e muito menos pra conversar. Cada quarto virou um mundinho.Cada qual no seu mundinho. Com seus televisores, frigobares, “videogeimes”, computadores, e zilhões de telinhas eletrônicas...

· Na minha cidade, se espremem 20 milhões de pessoas, e 5 milhões de automóveis. 90 % desses automóveis, invariavelmente, independentemente do horário tem apenas UM ÚNICO UTILIZADOR, ou seja, O MOTORISTA. De quem é a culpa disso ?...Minha culpa !...Eu acreditei no “carro próprio” como solução de transporte. Eu não cobrei dos meus governantes uma política de transportes públicos realmente eficiente e acessível à toda população...E deixei presidentes, senadores, deputados e vereadores se locupletarem à céu aberto do erário, cometerem todo tipo de abusos e corrupção, sem tomar nenhuma providência...MEA CULPA, MÁXIMA CULPA...

· Na minha cidade, existe apenas 3% de terra (terreno vivo, aberto) para cada moradia construída. Resultado : Façam o que fizerem, as enchentes continuarão e piorando a cada ciclo. Sem terra aberta e plantada, não há escoamento. Se e quando tivermos, nas megalópoles, APENAS 1 METRO QUADRADO de terreno não cimentado, para cada residência, daí quem sabe as coisas comecem a mudar pra melhor... AQUECIMENTO GLOBAL = AQUI, CIMENTO TOTAL !

· UM BILHÃO de seres humanos ainda passam fome no Planeta. A impotência disso ser resolvido pela sociedade como um todo, é alarmante.De um lado, um desperdício abissal. De outro, políticas desastrosas de distribuição de renda, lei de oferta e procura “coordenando” quem pode e quem não pode se alimentar. A hipocrisia corre solta, quando se fala da trilogia macabra entre o produtor, o ATRAVESSADOR e o consumidor. Isso sem comentar no “extermínio coletivo”, das toneladas que alimentos que são simplesmente jogados fora, a todo momento, simplesmente para que se mantenham os preços, e por conseguinte a escassez, a penúria e o descalabro da fome do mundo...

· São gastos milhões em pesquisas para energias limpas. Mas são gastos trilhões em busca de petróleo, envolvendo guerras, poder e um futuro sombrio (no mínimo...) em se falar nos níveis de poluição que essas “reservas” extraídas trarão para o mundo. O que manda, a bola de todas as vezes, é o poder e o dinheiro. Por enquanto, o resto é falácia. Mas...até quando ?

· Enquanto eu escrevia essas poucas (e talvez, moucas...) palavras, e enquanto você as lê, uma área equivalente a 5 campos de futebol, foi desmatada na floresta Amazônica...E milhares de crianças e idosos africanos (e demais continentes...) já morreram de inanição, de falta de atendimento médico, de abandono, de miséria, de desmandos sócio-políticos e de tristezas "gerais"...E os povos do “1º mundo”, já consumiram milhões de toneladas de hambúrgueres , refrigeradores, automóveis, muita comida industrializada, muito petróleo, muita gasolina, jogaram toneladas de chumbo na atmosfera, toneladas de plástico não reciclável, fabricaram milhões de toneladas de lixo, roupas de grife, computadores, televisores e...muita maconha, cocaína e apanágios correlatos !!!

“E assim caminha a humanidade, a passos de formiga e sem vontade”
– Lulu Santos ( um artista brasileiro)

“ O Homem é uma experiência que não deu certo”
– Millôr Fernandes ( um gênio brasileiro)
“Vontade sem conteúdo, não vale nada”
– de um publicitário

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

In sonoris silentiosu

São findos os tempos de harpas.
Harpas carecem silêncio.
Já não há mais qualquer silêncio.
Emudeceram-se as harpas.
Não há mais ambiente
às harpas.

São tempos de tímpanos.
Que rufem, então
à pele tesa
Que vibrem e arrebentem,
represas;
Que desmontem torres.

São tempos de trompetes
Que soem, então, aríetes
Que lhes tirem as surdinas.
Que berrem em alerta
campana aberta, estridentes,
à toda irreverência.

Alardem-se as trompas
em quintas-menores
em trítonos diabólicos
arrepiantes e exatos
tocando o fim
dos tempos das harpas...

Esfolem todos os órgãos
em “tutti”, todos os foles
Que vibrem,
em todos os ventos
acordes diminutos,
dilacerantes...

Já são moucos os tempos de harpas...

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Meta : Morphus


Pouco me inspiram
as telas
Mais me transpiram
as velas

A musa que outrora
de rosto vívido
refletido em brilho
de versos
ora desvanece
sem purpura
nem brios,
diversos

Pouco me suspiram
as belas
Mais me aniquilam
os que advêm
delas

O rosto esculpido
que descia aurora
despido em tédio
disperso
ora entorpece
usurpa
sem vozes,
modesto

Pouco me inflamam
as guerras
Mais me devassam
os gestos obscenos
que berras

O olhar acenado
que luzia firme
e desenhava vida
olha em ponto
obscuro
antes, azulado
ora despediu-se,
foi embora, nulo
defenestrado

Pouco me abalam
os ventos
Mais me acariciam,
seus alentos...

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

sábado, 26 de setembro de 2009

Hay que tener dulce !

(Música instrumental.Autoria : j.e.canônico)

puede tener fuego
pero hay que tener dulce

debe tener fuerza
pero hay que tener dulce

aunque gana, aunque danza...
siempre necesita tener dulce !


segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Tia Celina

Hoje é um dia úmido em São Paulo.
Águas correm pelas avenidas e caminhos
Água triste escorre em muitos rostos
de filhos...de netos...de irmãos e sobrinhos...

Existem tias que não são somente tias...
Alem de mães de seus filhos e netos
são mães de seus irmãos
Fazem dos filhos de seus irmãos
seus filhos também
os socorrem como se fossem dela...
simplesmente não vêem a quem
por vezes, tornando suas vidas mais belas...

Quantos natais me lembro
de minha infância
de te-la como segunda mãe,
minha tia Celina
Que em silêncio e discrição
nos mandava presentes...
em ajuda a sua irmã
que por algumas vezes
passava por dificuldades...
Quantas lembranças
que nesses momentos nos incorrem...
Saudosas, sempre...

Coisas do céu de Shakespeare,
onde há mais coisas do que sonha
nossa vã filosofia
tia Celina parte, no mesmo dia
de nascimento de seu pai, João
que ora a recebe em sua Luz,
para a festa nas sendas do Altíssimo...

Mas Deus em sua magnitude
sabe o que faz...
Pois tia Celina teve uma vida plena
Teve filhos pródigos...
netos mais ainda
e teve a chance de conviver com
Mariana, sua primeira e única bisneta
que ela teve a alegria imensa de conhecer...

Adeus , queridíssima tia Celina
Que o Cristo Redentor
das terras do Rio de Janeiro
que ora a recebe
em seu leito eterno,
a receba de braços abertos...

Adeus, caríssima tia Celina
Mãe de Mara e Sergio,
Avó de Breno, Saskia, Yuri, Kauê,
Gabriel, Julieta e Celina
Bisavó da pequenina Mariana,
Que parte dia 21 de setembro de 2009
aos 87 anos proficuamente vividos
deixando sua continuidade inequívoca,
frutos de perfeita excelência
plantados em solo fértil do bem maior,
plena de luz e carisma infinitos !


Sua falta será imensa...



sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Acróstico do Boi Premonitório


Testemunhas oculares

Relataram com certa

Urgência que numa certa

Cidade do centro do País

Uma grande onda se

Levanta para que um certo

Elemento nefasto, sem

Nenhum caráter e moral

Comece a planejar sua

Incubação eterna no poder,

Assim como de seu Partido.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

E no reino da Falácia...


O REI DA FALÁCIA

"Todos vêem o que pareces, poucos percebem o que és."
Niccoló Maquiavel

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

quem ?...Eu ?...EU NÃO !!!


Eu não sou fama
Eu não sou fácil
Eu não sou fada
Eu não sou fala
Eu não sou faca
Eu não sou fase
Eu não sou fato
Eu não sou feira
Eu não sou freira
Eu não sou feio
Eu não sou fera
Eu não sou febre
Eu não sou fezes
Eu não sou fedô
Eu não sou fico
Eu não sou figa
Eu não sou figo
Eu não sou fido
Eu não sou foca
Eu não sou foda
Eu não sou fome
Eu não sou foto
Eu não sou fogo
Eu não sou folga
Eu não sou fole
Eu não sou fóssil
Eu não sou furo
Eu não sou fuga
Eu não sou fuça
Eu não sou fuá
Eu não sou fúfia...

Eu tô é muito fulo !!!


segunda-feira, 14 de setembro de 2009

"Shankar"


Descontados os arroubos todos e exageros de "licenças poéticas",
finais felizes, toneladas de casamentos e que tais
( coisa normal em novelas...),atribuidos a útima novela global,
"Caminho da Índias" (Glória Perez), fica aqui uma pequena homenagem:
Ao "nosso" espetacular Lima Duarte, que tantas personagens
ja realizou com maestria(e ainda realizará, certamente...)
e que leva tanta admiração e carinho de nós, brasileiros,
numa cena final onde a personificação "Shankar", se
despede dos mundanismos, e aflora na busca do
auto-conhecimento.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

A gôndola


oh ! gôndola, gôndola, balouçante gôndola...
te pergunto, gôndola :

Como se lembrarão de mim depois desta vida ?
Quem ter-me-á em memória ?
Terei eu, longa ou breve história ?
Reconhecerão toda esta minha lida ?

“Não dependerá de como foste...
muito menos de quem foste...
se monge, mendigo, rei ou conde...”,
a gôndola lhe responde...

oh ! gôndola, gôndola, vagante gôndola...
diz-me então, não faz mais mistério !
terei eu que possuir um império ?

“Se é isto o que achas, quão pobre será tua sina
plantar em terreno arenoso, tão vazio vaticínio
este tipo de riqueza , nada põe à mesa,
a não ser escravidão, por vezes loucura
e muita tristeza...
vigiai pois, os teus desejos
é isto o que, a ti, almejo...”

oh ! gôndola, gôndola, ondulante gôndola...
responda-me então, qual é o segredo
fala-me desveladamente , sem nenhum medo
como devo agir, qual o enredo ?

“Meu passageiro, que ora navega em tábuas
serei breve em minha doutrina
que virá do coração, com didática franzina...
usarei palavras medianas,
nem brandas, nem árduas...
se queres entender realmente
já aconselho de antemão,
que ouças com bons ouvidos
apura-te em todos teus sentidos
não só com a mente, mas abre teu coração...
Nada do que recolhas em teu bornal
poderá garantir-te, de outrem, a memória
pois, qualquer posse ser-te-á banal
e por fim, em nada ajudará tua história...
Se bens da matéria, mostrares com vaidade
somente obterás sorrisos frívolos e falsidade
Tampouco nenhum galardão que ostentes
ou quaisquer adornos e medalhas
te farão parecer melhor, aos diferentes
nem diminuirá o peso da tua mortalha...
Te digo com toda certeza que, se fizeres à coleção
colherás sem dúvida a inveja, raiva e perseguição...

oh ! gôndola, gôndola, navegante gôndola...
de tuas sábias palavras, já tenho acato
contudo insisto, diga-me pois
como devo agir de fato ?

“Não tenhas pressa, minha nobre alma
absorve o que te digo, com toda calma
pois é tudo muito simples, sem rebusco
e não há nenhum ato mágico, nenhum susto
Aprende agora, fique atento
somente o que fizeres é o que contará
Serve com estima,
nunca desanima
este é teu real portento
E o que fizeres não somente a ti,
que também é importante e te faz jus,
mas fazer ao teu semelhante
não importa quem seja
faça-o, sem que te veja
ajuda-lhe, sem maior alarde
desde cedo, até onde se esconde a tarde
Obterás então, tal qual infinito brilhante
a mais bela, perene e cativante
a sábia e verdadeira lembrança da Luz
que a todos acaricia e conduz....
Só então, serás eternamente lembrado
com carinho e esmero
privilégio somente, reitero
de quem fez, às veredas do bem
sem testemunhar a quem
e sem esperar, por isso, ser amado !

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

auto-cárcere

quanto mais corro de mim
mais perto fico em mim
quanto mais fujo, fora de mim
mais dentro, cercado de mim

quanto mais ausente de mim
mais presente estou por mim
quanto menos em mim
mais através de mim

sábado, 22 de agosto de 2009

Por vezes...



Por vezes, a vida maltrata, leva-nos à chibata
Nos obriga a tropeços, deixa cair nossos adereços
Nos sacode, mostra quem é que manda,
quem é que pode...

Por vezes é preciso um ato de afastamento
Mesmo que sobre à nós, todo lamento
Afastar até onde a vista alcance, pra olhar de longe
Até meio de relance, tal qual um sábio monge
Enxergar a vida com mais desprendimento...

Por vezes é necessário secar a fala, assim como quem cala
Ouvir o vento, a brisa, o sibilar de quem consente...
Aos conselhos sussurrados dentro de nossa própria mente
Ou fechar-nos sem lamentos, no espaldar que nos resvala...

Por vezes é adequado um certo distanciamento
Para suprir nossos cantis, de cristalino provimento
Abrandar nossas dunas desérticas
reerguer nossas energias e fomentos
reativar nossas sinas magnéticas
com mais silêncio do que tanta dialética...

Por vezes devemos afastar nossos olhares
Procurar sobreviver sozinhos, alhures
Encarar de frente novos e prováveis patamares
Donde alcançaremos bons e bem-vindos apures

Por vezes, apesar de qualquer lágrima rolada
Precisamos da distância, mesmo que à toda ânsia
Mesmo que o corpo, jaza em tez despedaçada
Mesmo que aos ouvidos, quimera ausência
soe-nos abafada e ensurdecida
Nos ensine e nos transporte de volta
toda união , ora plenamente enaltecida...

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

As sete bodas de Mariinha


Mariinha pulava ondas
Quantas ondas Mariinha pulava ?
Pula uma pelos pais
outra pelos filhos
mais outra pelo marido
pulava u’a mais pelo amado
outra onda pelo namorado
e outra mais, por Deus
e a última pelo diabo

Ela pulava sete ondas
sete pulos ela dava
Mariinha comia canjica
com pó de erva brava
e, com frango com quiabo
sete ondas, lambuzava...

Mariinha tecia véus
quantos véus Mariinha tecia ?
tecia um pelo patrão
outro pelos tios
mais outro pelos avós
tecia um mais pelos pavios
outro véu pelo ladrão
e outro mais, pelos navios
e o último pelo seu algoz

Ela tecia sete véus
sete véus ela tecia
Mariinha dormia mais linda
sem dó, sua unha cravava
e, sem teto e na berlinda
sete véus, ela tirava...

Mariinha tecia ondas
sete véus ela pulava
Mariinha casava véus
sete ondas ela casava...

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

AMADEO !!!

Em estranhos e apertados tempos de pestes fabricadas
em laboratórios, de países sendo legislados por escórias
da mais vil "estirpe", em tempos obscuros de prenúncios
de fim de mundo, o que nos resta é homenagear com
todo coração, serenidade, algum bom humor que ainda
nos resta e o pouco de proficuidade que nos foi
legada a oportunidade de aprender, aos nossos entes queridos,
que certamente não são apenas dessa encarnação...

sexta-feira, 24 de julho de 2009

pra Theo...


Numa noite encantada
Sob o calmo luar de dezembro
Luz de vida tão amada
Plena de paz, como sempre,
ainda me lembro...

Qual estrela cadente
Pequenina surgiu em meu céu
Tão serena e brilhante
Coberta com sagrado véu
Dádiva eterna de Deus
Como seu próprio nome encerra
Chegou Theodora, aos seus
Trazendo grande alegria à Terra !

C'est ça !

...e pelo visto ela está em Paris,
n'est pas, monsieur ?
a moça atravessa a rua da praça
e traça a ignara massa

deixa a moçada devassa

sem tocar na manguaça


ah !...essa moça que na praça
passa e nos laça...
que graça ?

c'esta ça !

terça-feira, 21 de julho de 2009

Sarney, PT e o amor !



O Presidente Sarney, do Senado, oferece com amor ao PT e seus correligionários... (música : "Ja tenho a solução" Adoniran Barbosa e Clóvis de Lima)

sábado, 11 de julho de 2009

Zona de Escape


Caso não haja mais tempo
congele todo sal grosso
que porventura foi exposto
e partilhe os provimentos

Caso não surja oportunidade
desligue todos os interruptores
avise os fornecedores
se livre das ambigüidades

Caso não se torne mais necessário
exorcize cada um dos pecados
apague todos os recados
desligue o ar dos templários

Caso não retorne tão breve
tire os dedos do gatilho
segure a arma, à mão leve
deixe que se vá o andarilho

Caso não suporte mais o baque
passe a tranca na dispensa
aperte o laço do lacre
e vá atrás da recompensa

Caso não tope a parada
crie a possibilidade de sangue
feche o cadeado da escada
esvazie o lastro estanque

Caso não possa mais nada
desative o código do alarme
corra junto à manada
respire fundo e desarme...

Caso nada disso adiante
peneire a sujeira do trigo
persiga todo seu desplante
e mais uma vez, engula o perigo

Caso não haja mais...

quarta-feira, 8 de julho de 2009

(des)Atos Secretos


Alcovas fétidas e emboloradas
Alcoviteiros indecentes
Amantes pornográficos
Déspotas cambaleantes
Vômitos elaborados
Cônegos encardidos
Átrios sujos e inexpugnáveis
Átrios em catacumbas
Estatísticas falsas
Documentos adulterados
Sussurros fraudulentos
Conluios sórdidos
Esquemas mundanos
Maledicentes
Excludentes
Expressões irreverentes
Déspotas incidentes
Legionários hipócritas
Estelionatários saprófitos
Passagens ocultas
Latrinas sorumbáticas
Encanamentos podres
Ratazanas clássicas
Hienas engravatadas
Cobras em gabardine inglês
Bodes em uísque escocês
Vacas cheirando francês
Mensagens subterrâneas
Conversas subcutâneas
Conselhos ardilosos
Comunicações subliminares
Acordos macabros
Amostragens deturpadas
Conchavos putrefatos
Mentiras enrustidas
Verdades escamoteadas
Corpos camuflados
Mãos sorrateiras
Línguas certeiras
Escárnios sorridentes
Perfumes inadimplentes
Olhares nauseabundos
Odores fétidos
Milhões de usurpados
Bilhões de dinheiros
Dinheiros desviados
Vidas desrespeitadas
acabrunhadas
vilipendiadas
Iludidos
Mal vestidos
Dentes pobres
Filhos perdidos
Filhos indigentes
Pessoas maltratadas
Povos execrados
extremamente doentes
Indiferentes...

Você viu o corpo ser posto no caixão ?
Você viu o corpo no caixão ?

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Sensual Valsa (L'orange Valse)



Composta originalmente em 1982, para piano.
A Versão postada é orquestrada.
Dedicada à Maria Lígia, mãe dos meus filhos.

sábado, 4 de julho de 2009

Over Heat

(pra MJ 58/09)


a juventude pode tudo
andrógeno, skin head, cabeludo
sonhos mixados
potenciômetros desalinhados
auto-falantes saturados
groove
punk
heavy
menina bolinando menina em qualquer esquina
menino bolinando menino em qualquer destino
over dose, over pose, over close, over heat
punch
lunch
brunch
guitar over flow


cross over
-------------------------------------------
hoje esperei pacientemente
alguns velhinhos subirem as escadas
à minha frente

Amanhã, subirei eu...
(será que vão me esperar ?...)

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Julieta



Julieta dos caramanchões
Julieta dos gazebos
Julieta, café com bolinho de chuva
Julieta dos doces aprendidos na fazenda
Julieta, nome antigo de mulher
que gerou a mulher
que me gerou

Ouça onde estiver
uma valsa antiga
uma antiga valsa
com teu nome
Julieta

vovó Julieta

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Blogagem coletiva : 26 de junho de 2009 - dia Internacional do Combate às Drogas ( CD-Lado B)



Proibir ou não proibir o uso e comercio “legal” (tráfico) de drogas ?

Pergunte a uma mãe e pai, que vê seu filho se minguar dia após dia se enchafurdando numa lama existencial sem retorno, definhando seu corpo, seu caráter, seu raciocínio, perdendo a memória, aumentando seus comportamentos violentos, tornando-se irremediavelmente agressivo com todos a sua volta, indistintamente, sem amigos, só inimigos, que rouba tudo de casa para poder trocar pela dose do dia, da hora, do minuto, do segundo. Que perde os emprego, perde a escola, perde o convívio social, perde a vergonha, perde a auto-estima, perde o mínimo fio de vida, a não ser que seja para perpetuar seu vicio.

Pergunte aos familiares mais próximos, que vêem a disjunção e extermínio da célula familiar, onde se destroem valores mínimos e basilares, onde não há mais chão, e tudo gira unicamente em torno do doente e sua vida incondicionalmente restrita às drogas, ao vício.
Pergunte a pais, irmãos, avós espancados, mutilados e mortos, pela sanha de seus entes queridos, que ora tornam-se seus algozes, ao comando e domínio nefasto de seu vício, de sua garrafa, de sua “bagana”, de sua “farinha”, de sua picada, de seu “cachimbo”, de sua "balinha".

Pergunte aos hospitais, as associações de ajuda, as “ongs”, aos médicos, quanto se gasta dos erários públicos, para sustentar o tratamento de um drogado que pretende se reajustar.Pergunte o quanto demora até atingir-se um patamar aceitável de readmissão social, mesmo assim com o risco perene da recaída, geralmente mais arrasadora e letal.

Depois visite secretamente esses lares, esses lugares, esses esconderijos, esses poços sem fundo, e observe..,Observe atentamente o “universo paralelo” em que se encontram todos : doentes (dependentes), familiares, sociedade e conviveres.

Não basta ser “modernoso” e se derramar em toneladas de hipótese e/ou teorias de “tentativa e erro”, legando a gerações futuras a responsabilidade de arcar com a nossa irresponsabilidade, aqui e agora, por conveniência, preguiça e praticidade mórbida.

Tentar controlar o tráfico e uso de drogas, simplesmente liberando-as, ao “comércio controlado” e limitado (pura ficção minimalista do problema) , é como roleta de baile “funk” : coibi-se na entrada, mas perde-se o controle dentro do salão e principalmente a saída, depois que todos estiverem embriagados...É como institucionalizar o “varrer a poeira pra debaixo do tapete”...É o velho “tapar o sol com a peneira”...É o conhecido “por onde o Padre passa”, e assim por diante...
Somente uma revolução econômica-polico-social e principalmente voltada à EDUCAÇÃO de base, poderia , ao nosso ver, desencadear a médio e longo prazo, um controle real e efetivo do problema das drogas e seus correlatos, principalmente em países emergente, como o Brasil.

Por ora, tem-se que “pegar o touro a unha”, levantar as mangas e enfrentar a luta “corpo a corpo”, de casa em casa, de indivíduo à indivíduo.Proibir com responsabilidade não de um puritanismo utópico e desagregado, mas com políticas realmente humanísticas onde se tem como mote a boa e velha premissa : “Não deseje a ninguém, o que não quer para você mesmo”

O resto é “Pimenta no olho alheio, não arde...Porque aos tolos, para os espertinhos, é colírio...”

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Band-Aid-kura-kaos


Onde estou, só asfalto,
sem mato
abro a janela
e me mato
polui_som barulho
debulho, tudo bagulho
carro+carro+carro+carro+carro+carro+carro+carro
stressssssssssssssssssssssssss
gente_e_gente_e_gente_e_gente_e_gente_e_gente_e_
num ha quem agüente tanta
gente_e_gente_e_gente_e_gente_e_gente_e_gente_e_
todo mundo triste e ausente
gente que num desiste, insiste
só o corpo presente
indiferente
distante
colados do lado do outro lado
calado que nem gado
sempre atrasado
só traslado
de corpo abalroado...

Tô querendo mato, água de fonte, grilo falante
bosta de bicho, folha, árvore pra sol escaldante
barro no pé descalço, balança de corda
som de riacho, canto de galo que acorda
fumo de rolo, café, fubá dentro do bolo
sentado na soleira da porta, ler folhetim
colher inhame, alface, pimenta, tudo da horta
cheirar rosa, camélia, cravo, arlequim
água de cheiro, banho de rio maneiro
gosto do angu com taioba, tempero mineiro
e depois de almoço, café da tarde
traguinho de cachaça, garganta que arde
tirar uma sesta na rede de trança
daquelas que até ventarola balança
ouvindo uma moda daquela, antiga
de viola soando brilhante,de sete cordas
em volta de gente amiga
alegre , sonolenta e vadiante
onde pouco importa todo o tempo
que já vai indo...indo...embora com o vento...
E na noitinha mansa chegando
deitar no remanso de toda essa lida
com meu amor, cheiro de flor,se encostando
fazer devagar,sem nenhuma pressa
aquilo que é precioso, e bom à beça
o que tem de melhor nessa vida...

©joe_brazuca-MMIX-sp/sp/br

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Samba pra Sandra



Sempre que te vejo,
Assim, de sobejo,
Não demora, vem um lampejo!
De repente, viver sempre e agora,
Raiando, como sol de primeira hora
Alvorada nossa, que inda aflora...

Regalar-me em teu beijo
Encantar-me em teu sorriso
Girar a fronte, e de improviso
Imagina-la em todo desejo
Navegando em teu horizonte
Ainda é como te sinto e vejo...

domingo, 21 de junho de 2009

Rio, sempre Rio ! (música)



Rio de Janeiro, o teu carisma é nosso esmero
Rio de Janeiro, o teu Cristo é o teu desvelo
Rio de Janeiro, o teu clima é nosso apelo
Rio de Janeiro, o teu dom é ser modelo
Rio de Janeiro, a tua beleza é um exagero !


(uma singela homenagem em forma de som,
à Cidade Maravilhosa - de todos os tempos)

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Destroços

domingo, 14 de junho de 2009

Trinus



oh ! Santíssima Tríade desvelada
Sanctus ! Sanctus ! Sanctus !
Três vezes Santo
Mãe e Pai e Filho do todo e eterno
Leão da selva inquebrantável
Suprema Beleza indizível
Garganta de mil trombetas
de sonoro canto de trilhões de vozes
Portento inigualável de átrios insondáveis
incomensurável partícula subatômica
que se esparge pelo poli-verso
Dando energia e forma
massa e linha ao imponderável
Uno mistério pré-genético
completo em bondade e justeza
que aniquila todo escuro e tristeza
O que não tem comprimento nem largura
O que não tem profundidade, nem altura
oh ! Doce e Divina Efeméride
Criador e Mantenedor de toda criatura !
oh ! Glorioso Rei impoluto e casto
de cascata translúcida sem jaça
Por quem no álgido inverno,
nos levantamos destemidos do porvir
Por quem no tórrido escaldo,
nos deitamos ao pleno repouso
Banha-nos à Tua nobre revelia
extingue toda mazela e desvalia
livra-nos do que nos arregaça
do que nos humilha e ameaça
Tem piedade de teus filhos
na hora do derradeiro rescaldo
Abranda Teu jugo,ao nosso saldo
Tem, de nossa desgraça, Misericórdia
e nos destrona de nossa empáfia e soberba,
que só nos afunda à discórdia
Louvados sejam Teus sagrados Nomes
Sejam eles quais forem
e como se pronunciem
Cantemos todos os cânticos e salmos
Toquemos todas as sinfonias
Louvemos em alaúdes e pífanos
em tímpanos e tambores
todas as Tuas Aleluias
todas as Tuas Alegorias
Hosanna do macro e micro cósmico
Vale-nos de toda Tua luz branda
à levar-nos ao Teu caminho
de toda vereda,
da Tua verdade,
de toda senda
oh ! Sempre Eterna enorme onda
que bate, arrebata, lava e sonda
oh ! Gloriosa Tríade do Único !
oh ! Glorioso Altíssimo Alfa-Ômega
Sanctus est ad eternum !

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Amaozônia - The Forest (música)

(música instrumental experimental, onde o músico sorteia as células a serem tocadas, interpretando-as portanto, de uma forma aleatória a cada vez que for executada - parte integrante do CD instrumental "O Mago", do mesmo compositor)


Amazônia
pedaço gigante
Insurgente da Terra
bilhões de anos
acelerado esvaindo-se
em desvarios humanos
da raíz que enterra
em água e ozônio
de remédio, oxigênio
pulmão do caos plumbeo
que ora, se encontra no limbo
que chora do corte da serra
mata virgem, cipó e tora
fauna que corre e morre
clareira que sangra e aflora
que a terra em barro, deflora
e queima e rouba a flora
que o “bichuHomem”
explora e ignora...
Massa ignara
devasta e mata todo mato
devassa a mata escassa
que reza e ora
e crucifica toda tora
que sangra e chora
cruel arrebato
todo esse vasto
que sangra e se encerra
toda água enterra
chora e berra
em agonia
trágica cacofonia
desgarra de tua afonia
oh, deslumbrante
Ama-O-zônia !

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Children's Dreams (música)

(participação especial, nos violões , Simão Abbud)


Compus essa música há alguns anos.

“Sonhos de Criança”

Hoje, ofereço-a em homenagem às Crianças que tiveram seus sonhos interrompidos.

Sonhos de vida e crescimento interrompidos por desastres das “gentes grandes”... Sonhos de viver e aprender desmotivados pela ganância de “gentes grandes”... Sonhos de seguir seu caminho natural guilhotinados por todas as mazelas das “gentes grandes”... Sonhos finados por quedas de aviões que nunca deveriam cair...Por barcos que nunca deveriam afundar...Por automóveis que nunca deveriam colidir...Por guerras que nunca deveriam recomeçar...Por fumaças danosas que nunca deveriam queimar...Por vapores de cola que nunca deveriam exalar...Por programas de curas castrados que nunca deveriam se extinguir...Por todo descaso que jamais deveriam sofrer...

Todos os sonhos dos quais jamais precisariam acordar, ou forçados a adormecer, muito antes de se realizar...

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Sobre praças, pinturas, pombos e planos...


Daqui 30 anos
minha pele está flácida
minha voz , tão plácida
minha cor, cara, pálida...

Daqui 30 anos
sorrio chorando
choro gemendo
gemo sorrindo...

Numa praça de toda Nossa Senhora
em qualquer Moema ou Ana Rosa
Esperando colunas deslocadas
de enfermo sem balanço nem prosa
vivo a vida e passeio sem demora


Daqui 30 anos
ando cambaleante
cambaleio calmante
acalmo andante...

Daqui 30 anos
discuto ouvindo
ouço mentindo
minto omitindo...

Vejo quadros pelas costas,todo a mostra
Mas procuro doce, gelo e melado
ouço música, vejo panos, cores e listra
passos em gramas escassas de mato pelado
árvores, tarôs, bares, mulheres e pistas

Daqui 30 anos
seguro esquivando
esquivo flanando
caio escorregando...

Daqui 30 anos
penso dormindo
sonho pensando
durmo sonhando...

Na esquina posa, como em Paris, “gendarme”
livros,revistas, sorvete, derrete anis e aspartame
No centro da praça reza a Matriz de Deus
de gentes, quimeras, crianças e filhos meus
que cruzam cadeiras, fileiras e doces liames


Daqui 30 anos
como pingando
engulo comendo
pingo engolindo...

Daqui 30 anos
minhas pálpebras mandam
minhas pernas tremem
minhas mãos se espremem...

Todas as telas de cores, peixes, rostos e pinos
repletas de torres, escadas, pombos e sinos
Sabor de batata doce branca e roxa
senhoras doceiras em rosa, que desabrocha
gentes de domingo, sentindo,
meninas, bichos, meninos...


Daqui 30 anos
meu tempo é fio
o fio é pavio
ao vento
relento
reinvento
e sento...
Daqui 30 anos...

A velha Negra de tez amarrotada, sorriso
vende encanto, enquanto açucares aprendidos
em senzalas passadas de outros alaridos
todo tipo de doce e amarguras e doloridos...

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Silogismos Sofismáveis (ou o Paradigma da trilogia escatológica)

[para o amigo matemático Marcos Pontes]

Possibilidade 1ª -

Premissa maior: Os ratos andam pelo esgoto
Premissa menor: O Congresso tem esgoto
Conclusão: logo, os ratos andam pelo Congresso

Possibilidade 2ª -

Premissa maior: No Congresso tem ratos
Premissa menor: No esgoto tem ratos
Conclusão: logo, o Congresso é o esgoto

Possibilidade 3ª -

Premissa maior: Existem ratos no esgoto
Premissa menor: Existe esgoto no Congresso
Conclusão: logo, existe um Congresso de ratos do esgoto

segunda-feira, 25 de maio de 2009

HaiKai - Os Sapos



No Planalto,
sapos despacham.
Outro assalto !


(inspirado sequencialmente no poema de "Hai Kai XII" de Adauto Suannes que podemos ler CLICANDO AQUI )

sábado, 23 de maio de 2009

Menestréis de asfalto


Na minha cidade vejo gente
gente de variados mundos
andarilhos, incógnitas, indigentes
sem eira nem beira
que se esgueira,
sem fundos

Na minha cidade pungente
vejo tristeza e testa enrugada
dando duro em apressado batente
maltrapilha, com a pele embrulhada
rancor de quem é desprezada
e a cada dia que passa,
em agonia
vê a vida em vão, esbugalhada

Na minha cidade imponente
vejo meu povo meio-matuto
cabisbaixo, vestido de luto
sob comando do astuto
que dita a dura impertinente
com fina lâmina de corte arguto

Na minha cidade vejo gente
que nada leva em mente
mesmo que se lamente
de um futuro indecente
onde se vê aniquilado
perdido, ferido e vilipendiado

Na minha cidade inclemente
vejo a tentativa insistente
de um povo dócil,
sempre carente
que petrifica igual um fóssil
oh! pobre dessa gente tão crente...

Na minha cidade vejo gente de todo matiz
são atores, mambembes cordéis,
pensadores, prostitutas, bacharéis
trovadores, alquimistas, menestréis
que vivem estendendo seus carretéis
a se equilibrarem, no meio-fio,por um triz...

quinta-feira, 21 de maio de 2009

terça-feira, 19 de maio de 2009

Ain vem o trem !



Ain vem o trem !
e vem o trem !

estrib’arriado
zóio esbugaiado

Ain vem o trem !
e ain vem...

- miniiiiiinu !...afasta dos triiu, seu peste !

ain vem o trem !

chicubode- chicubode- chicubode- chicubode

ain vem o trem !

- miniiiiiiinu !...chore não, mo fiiiiu...

- mainha foi no trem, madinha...

quijafoi- quijafoi- quijafoi- quijafoi

Ain foice o trem !
e foice o trem...


©joebrazuca-MMIX
(especial para Poesia Aberta)

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Efemérides

Robert Moog- um gênio do seu tempo, "inventor"
(Leon Theremin,1960) dos sintetizadores eletrônicos,
precursor das aplicações práticas e controladas
da teoria da Síntese Adtiva e Subtrativa para sinais de áudio
gerados artificalmente.


E o sino dourado parecia estar flutuando. E a cada movimento perpetuava o bronze, com um milhão de vozes, num coral de badaladas.
Ah ! se Chopin ouvisse-nas...
Lá estava a carruagem, rodando sobre lantejoulas marinhas.Trazia, com a força de seus corcéis, vendavais e tempestades que, sem duvida continham a força dos deuses.
E o lamento da poesia, escrava de algum coração sofrido, levava em seus antigos e temporais versos a magnífica expressão dos Lusíadas...
Onde estão todos ?
Adormecidos nas badaladas da poética, que com tanta tristeza embala nas lágrimas, coisas antigas, cantigas e campos, que não mais existem e que se perderam em seus tempos...
A melodia escapava da janela, e pro traz do biombo jaziam perpétuos, os retratos de família, seus símbolos, suas tradições, os conceitos, seus rostos...
Já não sinto a juventude correr em minhas artérias, mas ainda conservo em meu copo aquele mesmo “Chianti Vecchio”, e a cada gole me vem à tona as lembranças das valsas, das festas e seus lustres, dos natais...Ah! como era lindo ver a neve, senti-la...
As lagrimas brotam-me...
Bons tempos idos. Lusíadas, Chopin, sinos, o velho vinho, as carruagens, a neve, a poltorna na biblioteca e o amor por tudo isso.E que enorme amor !
Enfim, não há de ser nada.Outras badaladas nos esperam, tenho certeza disso.
E o sino dourado parecerá estar flutuando. E a cada movimento perpetuará o bronze, com um milhão de vozes, num coral de badaladas, tudo sintetizado por um punhado de transístores de um aparelho eletrônico...

segunda-feira, 11 de maio de 2009

from miles, to Miles...

um pequeno tributo ao gênio Miles Daves


Around me, just a fog
no one...no windows pane
it's enough...only smog
She comes from another lane...


Em volta de mim, apenas "fog"
Ninguem...nenhuma vidraça
ja basta...apenas fumaça
Ela vem de uma outra pista...


quem tocou :Joe, Simão, Ivo e Cia. Ltda.

©joebrazuca-MMIX-sp/br
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