Sou o que sou

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Sampa, SP, Brazil
Sou terra, por ter razões. Sou berro, se aberrações. Sou medo, porque me dou. Sou credo, se acreditou

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Soneto da manhã perfeita


Pontilho um coração à testa
com a ponta de meu polegar
fiz do sinal da cruz uma festa
ao ilustrar no rosto, meu avatar

oh ! sublime e doce candeeiro
traça tua luz divina e santa
faça-me viver por ti, inteiro
e lutarei como quem canta

Acenderei uma leva de velas
entoando melodias, as mais belas
às mãos juntas, subirei ao mosteiro

Levanto-me de meu leito, agora
aprumo-me de jeito, sem demora
como tudo fosse, o dia derradeiro

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

estranhas entranhas ( Píer 55)


o que vai a mim, não sou eu
o que está em mim, se perdeu...
o que faz tão largo,
este residente amargo ?
por que o que me arvora,
incólume, me devora ?
o que vem de mim, não é meu
o que passa por mim, esvaeceu...
por que este âmago latente
que finge, morre em mim,
e mente ?
o que pesa em mim, corroeu
o que leva de mim,
dentro, e perto, e centro
estremeceu...
por que e onde d’essa ânsia,
que já é fulcro e reentrância ?
por que o que preso, excreta,
e me assola, e se decreta ?
o que jaz por mim, já viveu
o que vive em mim, já jazeu
o que foge de mim, pariu
o que queima de mim
já esmoreceu...
o que longe de mim, partiu
o que próximo de mim,
nada mais aconteceu...

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

ventania


as pedras cinzas
estão inertes e frias
sobre os dormentes
petrificados em óleo
escorrido de um tempo
marcado pelo caminho
árduo e redundante...

as rosas angelicais
já não perfumam mais
os anjos rosáceos...

olhares perdidos
cansados do tanto
e quanto ferido,
aglutinam-se
no esperar de um
amanhã que tarda
em chegar
e claudica a andança...

as rosas ornamentais
já não denotam mais
os anjos corados...

o perfume embaçou-se
no espelho esborrifado
a moldura dourada
descascou-se em linho
pérfido e gentil
e trouxe a mágoa
das almas espremidas...

as rosas orientais
já não propagam mais
os arcanjos umedecidos...

assim como se morre,
perpetuam-se os laços
entre corações que ardem
labaredas aquosas
sinuosamente lentas
e decadentes toscas
dos ventos parcos, secos...
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