Sou o que sou

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Sampa, SP, Brazil
Sou terra, por ter razões. Sou berro, se aberrações. Sou medo, porque me dou. Sou credo, se acreditou

sábado, 22 de junho de 2013

promenade

Não dá pra fazer poesia
em meio duma maresia
tampouco dá pra rimar
por sobre um quebra-mar
nos fogem as trovas
num campo de provas
se amiúdam os versos
nos trancos reversos
se afrouxam as sextilhas
de  fronte às guerrilhas
se esvaem os sonetos
onde abundam esqueletos...

a poesia por hora se cala
há ato mais insurgente
aquilo que clama,emergente
aquilo que prende, suspende
altera, alerta, desperta e abala...

terça-feira, 11 de junho de 2013

A-E-I-O-U (Quando um poeta se vai...)






Quando um poeta se vai,
um avião perde a asa,
uma família fica sem casa,
é filosofia sem tábua rasa,
uma moringa que vasa...

Quando parte, um poeta,
um chão fica sem rodapé,
uma caneca sem café,
é como choupana, sem sapé,
futebol sem o Pelé...

Quando um poeta transcende
é como licor sem pequi,
fita de cinema, que não assisti,
ficar e dizer que parti,
alguém que amei, e nunca vi...

Quando um poeta sobe,
é manteiga sem a fatia de pão,
chá fora do chimarrão,
universo sem imensidão,
amor sem compreensão...

Quando se eterniza, um poeta,
fica mandinga sem vodu,
é ouro fora do baú,
canjiquinha sem angu,
floresta sem o canto do Uirapuru...

(Para o amigo-poeta Samuca Santos, “in memoriam”
*09/06/1960 +06/06/2013)

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Meu amado Santo Antônio! (13 de junho)



Valha-me Santo Antônio querido
Faça-me um enorme favor
que seja por sua extrema bondade
ou um simples ato de caridade
me arrume um belo amor
ou, pelo menos, um bom marido...

Não me ache uma enxerida
nem tampouco, atrevida
Valha-me Santo Antônio amado
mesmo que seja um descarado
eu quero mesmo, é um namorado...

Meu Santo Antônio, abençoado
benza-me aí, com seu divino esmero
dê-me alguém, assim ou assado
falastrão ou mudo e calado
pra sanar meu desespero...

Santo Antônio, meu padroeiro
para ti, solto rojão
a melhor pinga, no quentão
da melhor lenha, o fogueiro. 

Mas, se não me der um namorado
não se avexe, faz mal não
aceito de muito bom grado
ao meu pedido, malogrado,
uma simples substituição :
me encha as burras de dinheiro
pra eu festejar São João!

terça-feira, 4 de junho de 2013

brasilidades







Arari boia de pitanga
queijo coalho torra alho
Tupiaçu bora de tanga
carnaúba no assoalho

pinga tiro vem no ventre
aipim de reza braba
terreiro de santo e gente
só de doce, moça baba

pão de mel, alecrim verde
vem o trem, fogo de lenha
no cavalo, ganha e perde
jegue manso, vaca prenha

macaco-prego, piolhento
joga pro santo, um tanto
arroz, farinha, pão e vento
Maria santa, vem de manto

caju bandeira fumo e mato
tiro e queda, pinta a onça
feira livre , arremato
faca cega, geringonça

sanfona fole, sopro musa
peixe-boi, Arapiraca
reinvento a língua lusa
em poesia, prosa e matraca

caçarola boa, a paulistana
mungunzá só à baiana
carne de sol, arroz tropeiro
das bombachas, ao trem mineiro

bang-bang , mambembe e faroeste
Bela Tieta, puta e santa, lá do agreste
feijão de corda com chimarrão
churrasco de ripa, macaxeira e baião

Norte, sul, leste e oeste
faca de corte, dança de frevo
carnê da sorte, folha de trevo
roque-em-rol, samba de roda
vai-da-valsa, povo da moda
estrela dos ventos e desencantos
multicolores , negros e brancos
é o Brasil, cabra da peste!
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