Sou o que sou

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Sampa, SP, Brazil
Sou terra, por ter razões. Sou berro, se aberrações. Sou medo, porque me dou. Sou credo, se acreditou

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Porquês


Por que chegou tão tarde
assim, sem fazer alarde
com estes olhos desenhados
só meio alegres
e inteiro amargurados ?

Por que sorriu tão linda
assim, tão cedo e ainda
mostrou teus bailados
e em meio a lábios,
me deixou na berlinda ?

Por que veio tão doce
assim, como num enlace
acenou beijos açucarados
e com trejeitos sábios
me levou ao impasse ?

Por que jogou esse charme
ateou fogo sem alarme
com esse corpo alado
de asas finas e leves,
e me deitou acabado ?

Por que dançou a música
assim, como fosse a única
jogou este olhar malvado
em encantos breves,
cedi completo e tomado ?

Por que revelou o que sinto
me prendeu em teu labirinto
alçapão enclausurado
desarmou meu passado,
e nem para mim mais minto ?

Por que tocou minhas notas
assim , tão castas e devotas
coração escancarado
despiu-me da alma às botas
me fez morrer hemorrágico,
sem ter sangrado ?

Porque chegou tão tarde
assim, sem fazer alarde...

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Os duendes que vivem em minha cortina


Os duendes que vivem em minha cortina,
descortinam meu futuro , em sonhos.
Sonhos estranhos, estrangeiros, tristonhos.
banhados num pesado torpor ,qual morfina...

De dia, eles dormem jogados, à revelia
de noite cantam e dançam, pura arrelia
De dia se escondem, fingidos sorrateiros
de noite, trabalham como zombeteiros

Traçam meu futuro como bem desejam
desenham sarcásticos, meu lúgubre destino,
trançam barbas emaranhadas em desalinho
enlaçam as linhas tênues do meu desatino

Eles acreditam em minhas muitas mentiras
me espezinham sobre minha célebre idade
dilaceram minha carne já flácida, em tiras
escarneiam de qualquer átimo de verdade

Sobem sorrateiros e lépidos, sobre minha cama
fazem alarde, seja cedo ou tarde, maldade
me atrapalham o amor às possíveis damas
vem e vão, como chegam, ultrajam e partem...

Ao desdém, sádicos, falam toda besteira
andam de quatro, tortos, plantam bananeira
pulam, chacoalham, estorvam o tempo todo
sem medidas, de qualquer jeito ou modo

Fazem-me pesadelos, bastardos e infames
tiram-me o santo sossego da introspecção
forjam discursos, ordens espúrias em ditames
pesam em meu peito, forçam meu coração...

Os duendes que vivem em minhas cortinas
me anestesiam as pálpebras rotas e cansadas
arremessam longe minhas preces cabotinas
afugentam, como sempre, as mulheres
tão amadas...
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