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Não adianta ranger os dentes
tampouco correr das serpentes.
Não há mais praias certeiras,
tampouco seguras beiras,
não há mais o esperado cais.
Há sonhos...Entrementes ,
parcos e pusilânimes.
Devaneios, só os movediços,
formidáveis ditames,
pesadelo insano,
tecido de pouco pano,
crudelíssimo imaginário,
aliás, muito ordinário.
Sem cabanas no inverno,
o refrigério é um inferno,
gravata é forca, caixão é terno.
Da vida só sobrou o que nos aluga.
Acabaram-se as nossas ilhas de fuga.
toda flor é uma
da pétala ao caule
folha, copo, pistilo
androceu gineceu
toda cor é uma
da paleta à guache
pinta, tinta, prisma
esmaece arrefeceu
todo amor é um
que espeta e cala
molha, corpo, estilo
todo meu todo seu...
Mesmo ainda tão criança
vestido de simples alegria
ensinou toda esperança
aos mestres, a sabedoria
Mesmo com todo amor
que dele se espargia
sofreu toda sorte de dor,
padeceu em cruel agonia.
Mesmo à humanidade,
que dispôs todo acalanto,
puseram-no com maldade
o escárnio de um sujo manto
Mesmo com toda bondade
foi tratado com descaso
mas, ensinando a caridade
encheu de vinho, o sagrado vaso
Mesmo com todo encanto
que nele transparecia,
fizeram cair em pranto
sua doce mãe Maria...
Mesmo com toda luz
que dele emanava
andou pela via da cruz,
era o que a ele restava.
Mesmo em sua breve vida
nos deixou a experiência
que apesar de toda lida,
o destino é a transcendência!
Sentires... Por que não?
Sonhares... Talvez sim.
Segredares... Quem sabe?
Sofreres... Só, em mim.
Miragens recônditas.
Menestrel renitente.
Meu reinado,
Minha rainha.
A tua presença:
me esquenta.
A tua liderança:
me enfrenta.
O que me atormenta:
é a tua ausência...