Sou o que sou

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Sampa, SP, Brazil
Sou terra, por ter razões. Sou berro, se aberrações. Sou medo, porque me dou. Sou credo, se acreditou

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Sentires




Na mão que alimenta,
um amor que aumenta.
Num sorriso que afaga,
uma dor que se apaga.
Num falar que acalenta,
um coração se alenta.
Num toque que acolhe,
uma lágrima que escorre.
Na doçura de um beijo,
O porvir dum desejo.
No passo que chora,
Pra chorar, um passo..
.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Por uma única noite



Por uma única noite
um grão germina mais cedo
uma ave voa sem uma asa
um cão dorme fora da casa
um tigre fica com medo

Por uma única noite
um mar se abre em duas partes
um peixe se arvora no ar
uma pérola se dá ao descarte
um Netuno desaprende a nadar

Por uma única noite
uma fruta vira semente
uma horta vira um pomar
uma folha cai para sempre
uma árvore aprende a pensar

Por uma única noite
Uma carta se perde no maço
um blefe antecipa o descarte
uma dupla é obra de arte
uma ficha vale um abraço

Por uma única noite
um trem veloz usa o freio
um barco ousa uma onda
um astronauta foge da sonda
um escafandro solta o esteio

Por uma única noite
uma flor perde sua haste
uma cor se apaga e desbota
uma música vira uma nota
Um sabor dessalga o que baste

Por uma única noite
um sol arrefece e esfria
uma lua estanca e alumia
uma estrela faz-se cadente
um planeta se desvia, ausente

Por uma única noite
um sonho bisonho flutua
uma verdade se vê ruidosa
uma mentira soa vaidosa
Uma realidade se despe crua

Por uma única noite
um deserto se esvai num vaso
um relógio se permite ao atraso
uma casa se transmuta em bota
uma rua se esvai de uma rota

Por uma única noite
um monge respira e prende
um abade reza cem terços
um batismo vai ao berço
uma igreja se abre e entende

Por uma única noite
um anjo voa, sereno
um santo canta, pleno
uma cruz se desfaz da dor
e um deus se perde de amor...

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Soneto da Separação


Quando chegar a hora
me despojarei de meus anéis
queimarei meus poucos papeis
e sem dizer adeus, irei embora.

Quando chegar o meu tempo
me afastarei dos meu tormentos
distribuirei meus provimentos
e sem dizer nada, irei sem demora

Quando chegar minha vez
me arrumarei aos costumes
partindo sem dizer, talvez

Quando vier o meu momento
seguirei os meus parcos ditames
sem lamentos , mas pleno de lucidez...



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