Sou o que sou

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Sampa, SP, Brazil
Sou terra, por ter razões. Sou berro, se aberrações. Sou medo, porque me dou. Sou credo, se acreditou

quarta-feira, 30 de junho de 2010

sobre Bill, Village , 46th Street com 5ª no baixo e pernas...(sandices em 3 movimentos)


I

quando ouço Bill Evans,lembro New York
até do teu pescoço branquinho.
Voce sabe...ou não lembra ?
porque a cada acorde resoluto estremeço
adrenalinicamente óbvio, dor de barriga
pelo e pele e curva e alcova e soul
teu cheiro na minha barba, minha cova
subway do teu sorriso no meu estômago
fico nanico, pago esse mico
...aí ?...vai ou não ?... que coisa !
será que teu sorriso não sai
mais de um sol com a 4ª no baixo ?
é droga...só pode ser !...ácido lisérgico
esse trio não é moleza,
só destreza e quero mais
à dois, com talheres ao fundo
eu vou pro fundo do teu olhar
passado na Broadway com 5ª
nosso cenário é a Greenwich Village
putz !...começou o solo do baixo...
fico muito puto com tanta
baixaria...ou seria a tua BRUXARIA ?
[please, driver... get on left, to 46 Street
I left my heat on her heart, sorry…
nothing more to do…]

quando ouço o Bill de novo
te lembro e morro sozinho
no Central Park, China Town
Voce não vem ?...Também não vou...
estamos resolvidos em Si sustenido...
ah !...que besteira !...isso é um Dó !

II

Levanto e misturo café com pasta de dente
newspaper com sanduíche de queijo-quente
Me sinto vulnerável igual September11
ainda levanto pra escrever bobagens
de novo ouço Bill Evans, e traço linhas
sem conduta nenhuma mesmo
pura porralouquice, meninice mesmo...
miseravelmente louco, babo um pouco
me desespero e espero seu triângulo
pelúcia amaciada com Confort...
a gente bem que podia se encontrar
pra namorar um cup of coffee whit Bourbon
naquele bar em frente ao Metropolitan...
peraí !...D dim/9...G7+/A...C7+/G
ficou legal ?...sei não...meio blasé...
Não consigo esquecer daquelas pernas
se Bernstein tivesse vivo,
faria uma sinfonia pra elas...
ta bom...ta bom...faço eu, então
no mínimo uma Sonata elas valem
“Sonata Nº 5 , per tue gambe...”

III

Preciso ir até Down Town...
O que me faz voltar pra cama
é poder escrever, tocar, beber, amar
et coetera e tausssssss...

sábado, 26 de junho de 2010

doces preliminares...


Não me venhas com toques leves, sutis
os quase me aborrecem...
Pega firme minha carne, que é hirta
e que sempre te quis

Quero artérias, colágenos que aquecem
enfartam e adormecem...
Peles coladas com Super-bonder
Lúbricas fábricas de limbo espesso
jactâncias elétricas e arremesso
redundâncias esféricas e cunho teso

Não te atenhas com antigas valsas
os três por quatro me amofinam...
sua em bicas sobre minha boca
apalpa-me às cegas, como louca
dança rumba, merengue, salsas...

Não te atrevas a pronunciar sussurros
os óbvios me ensurdecem...
quero teus gritos que fenecem
léxicos libido que escarnecem
beija-me com força de murros

Não me venhas com firúla...
quero a tua pior lascívia
seja minha algoz mais primitiva
nada quero teu, de casta e pura...

sábado, 19 de junho de 2010

para José...



Hoje tomamos sós, o bom vinho que tomamos anteontem
Hoje já não há mais brindes, com taças do mesmo vinho
Só há o vinho de hoje, que amanhã,
certamente também deixaremos de tomar...


(para José Saramago, que nunca me conheceu,
mas eu o conheci...Me foi o bastante
)

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Qual é nossa missão ?


Eu não sei minha missão
preciso saber
para eu entender
o meu coração

Eu não sei bem quem eu sou
preciso saber
para eu resolver
se fico ou se vou

Nas intempéries da vida
até uma mão estendida
viver toda dignidade
sempre com boa vontade

Toda existência é uma lida
uma experiência vivida
na busca de toda verdade
com fé, esperança e bondade

Eu percebo a imensidão
preciso viver
o amanhecer
da grande união

Eu não sei onde estou
preciso conter
este tanto sofrer
enxergar quem doou

Nas vicissitudes vividas
onde o caráter enobrece
e a moral nunca esquece
todas lições aprendidas

Na dádiva da tolerância
que ultrapassa distâncias
vimos por toda serenidade
plantando toda igualdade

Eu não sei qual o porvir
preciso rever
todo meu parecer
voltar a sorrir

Eu não sei para o que vim
preciso aprender
plantar e colher
um horizonte sem fim

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Premonição

(montagem com "La Yole" - Renoir -1875)

já olhei teus olhos negros
[pérolas vítreas negras, profundas]
sem consentimento, pressenti tua pele
[alva tez em branco lume, perfume]

não permitas que te foque,
[minha lente ressente e mente]
muito menos, te toque
[minha mão, pura abstrata alusão]

tira teu doce em mel, de lábios
[adjacentes sentires, nem tente]
se escárnio ou sorriso, fluente
[concupiscência anestésica]

delineio teu corpo em dobra
[abstraio e finjo medo, arremedo]
aquiescência do momento impar
[nos trilhos de uma vida, sobra]

curvar-te ao tempo ?...nem experimente
[destrono o ser cativante, e selo]
sortilégio de ventres secos, ausentes
[conluio de azafamas, apelo]

conjuro-te outras esferas que não estas
[eras, outras de tantas, que nem foram]
forja-me em sonho, limo e festas
[já, no ócio, devaneio e sento]

nestes lugares, alhures...
[pesa-me a falta, a calma]
naqueles respirares, algures...
[faz-me à pauta]


(o tempo nos transforma em nada...)
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