Sou o que sou

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Sampa, SP, Brazil
Sou terra, por ter razões. Sou berro, se aberrações. Sou medo, porque me dou. Sou credo, se acreditou

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Futuro do pretérito (ou um espaço entre o nada e o lugar nenhum)



Depois de um espirro, enxergo o breu dos meus olhos em 3D
Zettabytes de emoções, que são tantas, como já disse RC
minha memória não é a mesma, mesmo a que está no HD
universos paralelos, íntimos zigotos, entre mim, eu e você

Depois que lavo as mãos é que ligo minha obscura TV
enxugo lágrimas de olhos vítreos, que nunca nada prevê
jatos de areia cintilantes riscam um intocável LP
sem fatos obstantes, nem ao menos dizendo o porquê

de fato, ela me achou um chato ou com cara de pato ?
ia fazer comigo , olhando pro seu belo umbigo, o que ?
Mais uma peça pro seu joguinho ruim à beça
assim, assado, tão mesquinho, pra encaixar no seu bilboquê ?

Hoje meu pescoço está me matando, problema de osso
a gente vai levando, com chazinho de tremoço e
biscoito Piraquê, mas só com manteiga de leve, sem patê !
E vê se não se atreve, voce não é uma leiga nem nada,
nem vem com queijo e goiabada que estou mais pra suflê !

O problema é que o que mata é a saudade
e não tenho mais idade pra esse tido de dilema
e minha preguiça já nasceu, diferente da lingüiça,
sem o sonoro trema, já dentro do esquema
de toda sua identidade...e daí ?

Brigo com irmão, sacristão e prima,
mas nunca perco a minha rima...
Economize papel, jogue fora essa poesia
mais triste que anestesia
desligue a impressora, esconda da professora
e não imprima...

sábado, 10 de setembro de 2011

Antípoda


(A QUEDA DE ÍCARO - Peter Paul Rubens, 1636-80.Óleo sobre tela. Museu de Arte Antiga, Bruxelas.)

Posso ser vil o quanto as flores me instiguem
Posso ser excelência o tanto me agucem os crimes
Deverei ser cruel o quanto me ensine
o azul do céu
Deverei ser caridoso o tanto que me mostre
todo mar lodoso
De minha doce boca sairá enxames
De minha compreensão se instaurarão ditames
De perversas palavras brotarão nações
de tão sórdidas, se louvarão canções
A cada passo ido, voltarei no tempo
e a cada atraso consentido atingirei meu intento
De cada bocada no alimento nobre
vomitarei aos borbotões, até que nada sobre
Minhas mais sinceras lágrimas
corroerão suas faces, como estigmas
Do meu odioso espasmo e grito
resplenderá à elevação, ao solene mito
do que haverá de mais bonito !

Já não colho mais flores, às suas mortes prematuras
Já não lustro os sapatos, à tirar-lhes o pó do tempo perdido
Já não enxugo as lágrimas, que lhe dissolveram os olhos e o rímel
nem tampouco me lavo e me seco, nem me benzo e exorcizo ...
Minhas asas se derreteram sob o deserto escaldante
e nem ao menos, tal como Ícaro,
alcei voo ao seu destino previsível e fatídico
Dédalo de mim mesmo, sigo seguindo meus sóis...

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Poesia romântica (ou o amor e a cozinha...)



O que me recitas, oh !, evocativa amada ?
não careço mais de teus singelos versos
entrementes , talvez, teus ex -beijos incertos
que traziam em lábios, o calor, de tão perto
o "blend" em azafamas de açúcar e sal
de um sabor inexato , um tanto paradoxal
de uma bela nesga de queijo com goiabada !

oh ! minha doce, muito doce amada
eu que já estive em teus suaves abraços
nos tocamos entre lampejos e laços
escorregadelas ,mordidas e olhares devassos
agora me fazes desdém, e à galhofa
mais há de me convir, arroz com farofa
à guarnição de uma suculenta feijoada !

Há quanto, já antigos orgasmos não trocados
aqueles que espargiam essência de jasmim
noites em claro, entre dias inteiros passados
luas acesas ao dia, e à noite, sóis melados
hoje o que sobra são pratos enfadonhos
de gestos raquíticos entre atritos bisonhos
muito mais me interessa, comer à travessa
doce de ameixas pretas com pudim !
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