
Dorme criança, o teu sono brando
tens o sono que é dos justos
dorme que o futuro é incerto
sabes o coração aberto
desde que nasceste, até quando
lhe virão perversos sustos...
Dorme criança, o teu sonho alegre
que o sono é longo, mas a vida é breve
deixa, criança, o teu peito aberto
tem o coração sempre esperto
pois, por enquanto és quente
como, d'onde viestes, era o ventre...
Sonha criança, o teu sonho certo
de um porvir lúcido e contente
teu olhar pequeno, ainda é perto
pois és nada mais, tênue doce semente...
Dorme criança, o teu sono é casto
qual a pluma que te aquece e cobre
que o sonho é brilhante e nobre
d'um colorido perene e vasto
que se guarda seguro em alabastro...
Dorme criança, teu sono quietinho
inda o dia vem tímido e lento
recolhe-te por hora, em teu ninho
protege-te do implacável vento
dorme e não ouças o meu lamento...