Quando eu morrer,
Deixo algumas letras, alguns sons formatados.
A uns, quase nenhum legado.
A outros, lembranças de fúria
A outros, alguma injúria.
Porque, além de tudo, sou humano;
Em dias nobres, um fino pano e,
Em dias desastrados, reles farrapo;
como toda gente, mesmo que irreverente,
vira um pedaço de trapo.
Mas a outros, deito um pouco de amor;
Em dias frios, cedi meu calor,
e, nos quentes, algum refrigério,
tudo muito simples, sem nenhum mistério.
A alguns poucos deixo a vida, que, através de mim, foi-lhe concebida, por que não ousar dizer, à minha própria, estendida.
Deixo a lembrança, não a perene, mas a temporal; que um dia estive aqui, com um existir normal.
Mas vivi, de forma plena, essa dádiva colossal!