Sou o que sou

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Sampa, SP, Brazil
Sou terra, por ter razões. Sou berro, se aberrações. Sou medo, porque me dou. Sou credo, se acreditou

quinta-feira, 14 de maio de 2020

Quatorze versos para um adeus

Quando se ouve um adeus
assim, em definitivo,
Fica-se sem chão,
Sem qualquer lenitivo,
que alivie a presumível dor,
do que um dia,
fora chamado de amor.

Vai-se a um estado primitivo...
Quase estanca-se o coração,
Num clamor extra sensitivo,
Respira-se, mas...um tanto em vão.
Mas nesses quatorze versos
Eternizo todos os sonhos meus,
Teu olhar fica impune...não há adeus.

domingo, 5 de abril de 2020

Amar à distância


Amar de longe, requer a prática da paciência.
Saber a hora da convivência, que não tange. 
É saber trocar o olhar com as vistas da imaginação.
Sentir o aroma do ato, sem tê-lo, de fato.
É acreditar no querer do outro, mesmo que o oposto não creia.
É repartir o mesmo pão, sem estar na mesma ceia.
É refletir a imagem do outro, em espelhos d'água de pensamentos.
É querer ser par sem poder estar no mesmo lugar. 
Ser fiel além do céu.
É todo dia, mesmo à revelia, ter-se sua própria lua de mel.
É poder contar com alguém, mesmo que esteja além do alcance.
É, pelo outro estar absorto, como está uma nave em alto mar, sempre procurando seu porto.
É bailar uma música imaginária, num universo paralelo, onde toda canção nos pertence.
Amar de longe, enfim, requer a prática de um monge; Onde o mantra entoando,
é sempre querer estar bem perto, 
mesmo que inverossímil, o mais célere possível,
daquele ser tão amado.


terça-feira, 17 de março de 2020

Vícios

Damos murros em ponta de faca
Tomamos rumos erráticos na estrada
Batemos sempre na mesma tecla.

Aí chega o inevitável dia
O dia do aluvião
Que a faca perde o corte
Que a estrada nos põe no Norte
E o piano perde o diapasão.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

Rosa dos Ventos

É no encontro das águas
No alinhamento dos planetas
No ajuste das mágoas
No revoar das estrelas
No rugir dum leão
No tremor do vulcão
Nas flores mais belas
Quais pinturas em telas
No revoar das águias
Na oração das crianças
Nas mais vívidas danças
Nas músicas mais tocadas
Nas canções mais embaladas
Nos pães recém assados
Nos cabelos perfumados
Nos pijamas desalinhados
É onde se encontra o amor
De todos os enamorados...

sábado, 1 de fevereiro de 2020

Praxis

Não é uma questão de envelhecer
É o impermanecer
Não é uma questão de idade
É a prática da saudade
Não é uma questão de sumir
É o poder de ir e vir
Não é uma questão de ausência
É esperar com paciência
Não é uma questão de amar
E o querer sentir e assumir
Não é uma questão de quantidade
É o emprego da vontade
Não é uma questão de sorte
É obter um certeiro norte
Não é uma questão de dilema
É a garra dum poema
Não é uma questão de apatia
É a força da poesia
Não é uma questão de acabar
É a serenidade de se deixar levar...


quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Rescaldo


O que me espera um passo à frente? 
Um jardim num átrio ou um cadafalso?
O que me espera além da lúgubre esfera?
 

Algo de meu cerne diz:
oh, triste amargor que vem à baila, sempre que!
Avizinham-se lágrimas de sonhos perdidos.
Pérfidos ditames ausente de almas.

 

Quão suave foi, um dia, o teu toque. Que me dividiu em cem.
Quão latejante esteve, um dia, o beijo. Que me uniu em um.
Ora o silêncio que jorra, nem mais importa. O costume se deu. 

Ora a solidão que maneja meus dias. Um dia, não mais. Muitos.
 

E este peso latente, constante. De onde vem, senão?
E este quarto, meio minguante, que insiste. De qual lua, talvez? 

A sanha do outro, pesa-me, algures. Alienantes. Por que?
Oh, trágica masmorra cruenta de outrem. Por que?
 

Quão aberto foi teu abraço. Outrora. Foste como minha aurora. 
Tão desvelada a tua estrada, a mim, foi-me truncada.
Foste água de prímula, em minha aridez. Chuva branda.
Foste, não um dia. Muitos. Aqueduto irrestrito.


Descreva-me como me vês. Deita-te aqui e descansa teu íntimo.
Teu cárcere agora é meu. Sou teu que te liberto, do teu.
Assumo a tua imensidão na minha alcova.
O teu passo à frente está líquido, certo e sereno.
Vem.

terça-feira, 14 de janeiro de 2020

Meu sol

Por que fizeste de mim, o teu lenho?
Por que mostraste a mim, para que venho?
Acendeste meu fogo, em brasa.
Como Ícaro, no teu sol,
Derreteste minhas asas.
Minha pele, coraste em rubro torpor
Deste fogaréu que tens em ti,
Todo este tórrido amor...

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