Sou o que sou

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Sampa, SP, Brazil
Sou terra, por ter razões. Sou berro, se aberrações. Sou medo, porque me dou. Sou credo, se acreditou

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Pioridades




Não há nada pior que :

Riacho sem mata
Leite sem nata
Geleia barata
Emprego público sem mamata...

sacristão sem fé
pão e manteiga sem café
omi sozinho, sem muié,
sem cabeça e nem pé...

licor sem pequi
amarração do caqui
saber o fim do filme que não assisti,
todo mundo viu, e
eu não vi

Aniversário sem bolo

Papel higiênico fora do rolo
Melancia sem miolo
Desamor sem consolo... 


Correr atrás de tatu
Costelinha sem angu
Ovo cozido fora do tutu
Galinha com gosto de urubu...

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

pi



Ao meu lado, segue minh'alma.
Do lado do corpo.
Fora.
E observa-me, o espírito.
Tangencia-me em 3,1416.
Segue-me.
Anja-me.Pastora-me.
Trans-lúmina-essência,
Ímã de mim mesmo, assombra-me.

domingo, 4 de agosto de 2013

Vontades



Vontade de fazer um piquenique,
de brincar de esconde e pique
ou só de esconde-esconde
na carcaça do velho bonde,
de escrever com tijolo no asfalto,
ver mulher de biquíni e salto-alto,
correr no mato, pelado e sem sapato
de gritar sandices, até ficar rouco
achando que louco só, é pouco
pra tantas e tamanhas maluquices...

De ganhar na loteria, abandonar a pia,
visitar o bairro antigo, ir à casa da tia,
de pegar uma carona e ir pra Barcelona,
de comer macarronada com manjerona,
ou arroz feijão com cebola e chouriço,
bolo de fubá com coco e café,
pé-de-moleque, laranja lima no pé,
ando com muita vontade de muito disso...

De tocar um Bartók só pra causar um shock,
de ouvir aquele velho e quadrado rock,
dançar uma rumba, salsa, samba ou merengue,
como se estivesse com a febre da dengue,
ou uma valsa careta de baile de debutante,
e voltar cinquenta anos, apenas por um instante...

De escrever sobre coisa profundas
como o calor do amor ou a lida da vida,
sobre ter sorte ou ter que enfrentar a morte
sobre filosofia, astronomia, ocultismo e alquimia,
ou mesmo as banais, cheias de apelos sentimentais,
abusar da semântica de jargão pobre e decadente,
com a frivolidade falsa e sorridente,
e da triste (mas necessária) charlatanice romântica,
ou até mesmo sobre belas e rotundas bundas...

Mas não adianta, eu não mais consigo!...
E é por isso que eu digo :
Vontades à parte, já não domino esta arte,
perdi o cunho da pena, que pena!
E meu atual e triste estado,
é de um senil poeta fracassado!
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