O que me espera um passo à frente?
Um jardim num átrio ou um cadafalso?
O que me espera além da lúgubre esfera?
Algo de meu cerne diz:
oh, triste amargor que vem à baila, sempre que!
Avizinham-se lágrimas de sonhos perdidos.
Pérfidos ditames ausente de almas.
Quão suave foi, um dia, o teu toque. Que me dividiu em cem.
Quão latejante esteve, um dia, o beijo. Que me uniu em um.
Ora o silêncio que jorra, nem mais importa. O costume se deu.
Ora a solidão que maneja meus dias. Um dia, não mais. Muitos.
E este peso latente, constante. De onde vem, senão?
E este quarto, meio minguante, que insiste. De qual lua, talvez?
A sanha do outro, pesa-me, algures. Alienantes. Por que?
Oh, trágica masmorra cruenta de outrem. Por que?
Quão aberto foi teu abraço. Outrora. Foste como minha aurora.
Tão desvelada a tua estrada, a mim, foi-me truncada.
Foste água de prímula, em minha aridez. Chuva branda.
Foste, não um dia. Muitos. Aqueduto irrestrito.
Descreva-me como me vês. Deita-te aqui e descansa teu íntimo.
Teu cárcere agora é meu. Sou teu que te liberto, do teu.
Assumo a tua imensidão na minha alcova.
O teu passo à frente está líquido, certo e sereno.
Vem.