Sou o que sou

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Sampa, SP, Brazil
Sou terra, por ter razões. Sou berro, se aberrações. Sou medo, porque me dou. Sou credo, se acreditou

quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Rescaldo


O que me espera um passo à frente? 
Um jardim num átrio ou um cadafalso?
O que me espera além da lúgubre esfera?
 

Algo de meu cerne diz:
oh, triste amargor que vem à baila, sempre que!
Avizinham-se lágrimas de sonhos perdidos.
Pérfidos ditames ausente de almas.

 

Quão suave foi, um dia, o teu toque. Que me dividiu em cem.
Quão latejante esteve, um dia, o beijo. Que me uniu em um.
Ora o silêncio que jorra, nem mais importa. O costume se deu. 

Ora a solidão que maneja meus dias. Um dia, não mais. Muitos.
 

E este peso latente, constante. De onde vem, senão?
E este quarto, meio minguante, que insiste. De qual lua, talvez? 

A sanha do outro, pesa-me, algures. Alienantes. Por que?
Oh, trágica masmorra cruenta de outrem. Por que?
 

Quão aberto foi teu abraço. Outrora. Foste como minha aurora. 
Tão desvelada a tua estrada, a mim, foi-me truncada.
Foste água de prímula, em minha aridez. Chuva branda.
Foste, não um dia. Muitos. Aqueduto irrestrito.


Descreva-me como me vês. Deita-te aqui e descansa teu íntimo.
Teu cárcere agora é meu. Sou teu que te liberto, do teu.
Assumo a tua imensidão na minha alcova.
O teu passo à frente está líquido, certo e sereno.
Vem.

terça-feira, 14 de janeiro de 2020

Meu sol

Por que fizeste de mim, o teu lenho?
Por que mostraste a mim, para que venho?
Acendeste meu fogo, em brasa.
Como Ícaro, no teu sol,
Derreteste minhas asas.
Minha pele, coraste em rubro torpor
Deste fogaréu que tens em ti,
Todo este tórrido amor...

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