Sou o que sou

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Sampa, SP, Brazil
Sou terra, por ter razões. Sou berro, se aberrações. Sou medo, porque me dou. Sou credo, se acreditou

terça-feira, 31 de outubro de 2017

Passarin

Vem Bem-te-vi, canta na minha janela
Diz como a vida é simples e tão bela.
Pousa, Colibri, sobre meus ombros
Me ensina a sair dos meus escombros

Avua , Sabiá, faz rasante em minha alma
Me mostra como conseguir toda tua calma.
Dança, Pardalzinho, foge da cruel armadilha
Faz da minha vida, como uma maravilha.

Corre rápido e esperto, meu lindo Curió
Escapa ligeiro da tua triste forquilha,
Me ajuda a viver a lida, assim, tão só.

Vem passarinhada, avua longe do ninho
Mostra pra todo mundo, qual o caminho
Ensina a gente toda, como desatar todo nó.

sábado, 2 de setembro de 2017

Presentes

Se ganhaste beijos, se perderam
Se ganhaste carinhos, se esfriaram
Se ganhaste bombons, se acabaram
Se ganhaste flores, se murcharam
Se ganhaste anéis, te roubaram
Se ganhaste pinturas, se apagaram
Se ganhaste livros, se queimaram
Mas...se ganhaste um poema e uma melodia,
te eternizaram.

quinta-feira, 29 de junho de 2017

Interior

Galo que canta, sol que se alevanta
Cheiro de café torrado
Leite na caneca, natado
Fumaça de mato queimado
Chão de terra, som de boi que berra
Mesa de "tauba", xícara de barro
Frozinha na janela, toalha de flanela
rapadura, queijo de casa,manteiga pura
Prosa de caipira, um sarro
Fumo de corda, chapéu na borda
Calça de pano grosso, loja de estribo
Sola de couro, prego de ferro, fio de serra
Ainda bem cedo, cheiro do almoço
Antes, uma pinguinha com tremoço
Cedo logo,vou nessa...Sou dessa tribo, seu moço...

domingo, 18 de junho de 2017

Planeta Azul

Terra, pérola azul, minúscula
Doce Criança perdida no imenso
Te destroem firme e aos poucos
Tratam-te vilmente,à triste mácula
Gritas chorando aos ouvidos moucos:
"Ampara-me! sou teu jardim suspenso!"

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Fotógrafo



Fotografarei
As mazelas do mundo.
As feiuras do Homem.
A miséria e o infortúnio.
A imundícia da raça.
A tristeza da espécie. 

A ignomínia da existência.
A ignorância, a escravidão.
Os ventres expostos.
Pois a beleza é óbvia e irritante.
A beleza é fácil e sustentável.
E a beleza é inócua e servil.
Fotografarei os cacos da vida.
E a certeza da morte.

(a Sebastião Salgado)
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