Sou o que sou

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Sampa, SP, Brazil
Sou terra, por ter razões. Sou berro, se aberrações. Sou medo, porque me dou. Sou credo, se acreditou

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Me perguntaram o que é o amor...

O amor é o mel, para a abelha
para a pólvora, uma centelha
para a biga, uma parelha
para o avaro, a medalha
para o descrente,a mortalha
para o calvo, a navalha
para o boi, tirar a cangalha...

O amor, para o vaso, uma flor
para o pão, o calor
para o faminto, um sabor
para o frio, o vapor
para o cisne, o lago
para o bêbado, o trago
para o carente, o afago

O amor, para o velho, a vida
para o moço, a lida
para o guloso, a comida
para o craque, a dividida
para o avião, a pista
para o piloto, a vista
para o pincel, o artista
para o foca, a entrevista

O amor, para o escravo, a liberdade
para a bela, a vaidade
para o artesão, a raridade
para o cidadão, a cidade
para o palhaço, a seriedade
para o monge, a sobriedade
para o humilde, a simplicidade
para o cristão, a caridade...

sexta-feira, 10 de outubro de 2014


quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Poemeto concreto-libertário


O dilema não é a
++++++++++++++++democracia
é a agonia da
-----------------------------ideologia
é a -------------------------ideia
que se incute na
+++++++++++++++++++colmeia
o problema não é a
+++++++++++++++++++discussão
é a dissipação da
-----------------------------contaminação
é do contágio
no estágio
do plágio da
++++++++++++++++++++invasão.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Moenda

Eu não queria fazer um poesia instantânea, como chocolate em pó.
Queria uma poesia espontânea, nada sucedânea, remédio de um tiro só.
Queria fazer uma poesia eterna, como quem hiberna sobre uma perna.
Uma poesia nada efêmera, forjada como têmpera, fogo de perene lanterna.
Queria criar uma poesia, que aliciaria a qualquer um, com poder de anestesia.
Fazer um poema, tão complexo como teorema, versos com poder de dilema.
Compor versos adversos, desconexos, sem falar de ósculos ou amplexos.
Nem de amores, estertores românticos, apaixonados xamânicos, preceitos platônicos.
Falar com estrofes cintilantes, luxuriantes, de algo completamente acachapante.
Queria uma poesia de poetas sem piedade nem dó, rudes como a mais dura pedra mó.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

sufoco...


é pt, é marola
é cvv, é ebola
é tv, é meia-sola
é pv, é esmola
é pm, é pistola
é vc, sem escola
sem comida na sacola
sem pulôver , nem estola
na berlinda, na esfola
pé descalço, no atola
o teu couro, que amola
nem é pato, nem frajola
é laranja e acerola
sopa fraca de escarola
nem azeite, nem canola
nem frade, nem carola
na tua cara, a bitola
torniquete de cachola
é forca na tua gola
hipocrisia que te enrola
maresia que degringola
só tufão, sem ventarola
sem radinho e eletrola
pé de bunda, tu é mola
ribanceira abaixo rola
aluvião que te assola
e ninguém que te dá bola...

sábado, 9 de agosto de 2014

Rosa, anjo...



Você me conquistou
como a água de um chafariz
Da planta dos meus pés,
até a ponta do nariz


Você me arrebatou
como um sonho aprendiz
Com teu sorriso leve
e lindos olhos infantis

Seu toque me cegou
como uma força motriz
e um dia me tocou
a me mostrar como me quis

Seu cheiro me flertou
com teu perfume de anis
Abraça-me tão forte
e me sussurra e me diz

(refrão)

ah! Rosa anjo, anjo rosa
vem, transforma os meu versos
em tua prosa...
ah! Rosa anjo, anjo rosa
vem, me acalanta intenso
como quem brota...

Eu te adocei
como o mel dum colibri
Assim como quem faz
e diz “ eu te entendi”

Você me pertenceu
como eu te pertenci
Toquei a tua tez
assim você me fez

Seu toque emudeceu
como uma flor de bem me quer
que um dia arrefeceu
com todo jeito de mulher

Seu cheiro me flertou
com teu perfume de anis
Abraça-me tão forte
e me sussurra e me diz

(refrão)
ah! Rosa anjo, anjo rosa
vem, transforma os meu versos
em tua prosa...
ah! Rosa anjo, anjo rosa
vem, me acalanta intenso

como quem brota...

quinta-feira, 31 de julho de 2014

L de Lua


A lua é tinhosa.
Hora minguante,
Fria luz, adstringente
Hora uma bola nova,
noiva formosa,
Depois
num quarto crescente,
já meio indecente,
Lá vem a cheia,
já sem as meias
daí se mostra,
toda prosa, e goza...

(foto por : Leny Fontenelle)


sexta-feira, 13 de junho de 2014

Claustro



Silêncio. Silencio...
Corredores lisos,
Mármores, pisos.
Mártires, infusos.
Cárceres difusos.

Cruz delineada,
Azulejos acabados,
frisos. Fileiras
Ordem. Convento
Advento.
Santos, lágrimas
Mantos, súplicas
Terços.
Quartos, átrios.
Alcovas.

Velas, telas rotas
Fogo incenso,
púlpito imenso.
Hábitos, monges.
Hálitos em preces.
Choros calados.
Súplicas, suplico.
Batinas,
botas vespertinas
Botinas, esmolas
nas esquinas.

Cruz calejada
Capuzes, farrapos
Sandálias, cravos
Estigmas, enigmas.
o sangue sagrado,
o auge esperado,
Ressurgir. Reviver.
Milagres. Mil agre.
Madres.

Fumaça espargida
reza sofrida.
Sofrer é a sina.

O sino soa.
Silêncio.
Silencio,
ensimesmado,
Coração estigmatizado.
Espíritos encarnados.

(poema inspirado na foto "Convento de Santo Antônio", de Leny Fontenelle)

quarta-feira, 28 de maio de 2014

deuses


N’Uma Noite
[as brumas de Merlin]

Quando Cassandra chorou
nas pedras de Atenas
converteu-se,

Disse-me:

“Pergunto-te:
Qual das nuvens lhe dirá o
significado antes que
Perséfone
Ilumine tua face?”
Eu estive em ti, no teu âmago
próximo do teu timo, que
te regula e excreta o sangue rítmico.

Nenhum sonho será corrompido
por mais que lhe neguem.

as pedras de tua tumba.
Aviso-te. Amparo-te.
Já não enxergas mais que longe,
nem de perto, às asas de Pégaso.

Em teu peito esquálido, intimo-te:
Sugue as tuas paixões, mais que
grandes...
Lhe serão avisos de tua morte, de tua
efêmera razão curta e...inócua.
Sublime o teu cosmo, como
um filho no teu ventre trágico.

Avisei-te, alertei-te:
Consome tua placenta, antes do
óbice das tuas entranhas.

que denegridas, ainda pulsam...
Não mais dores sentirás das quais
lhes foram permitidas.
Nem mais sacrifícios a Éfeso

Deitou-se languida sofregamente
por sobre o manto de Ceres e adormeceu
com o sopro de Morpheus.
[fecha tua fenda, lacra teus desejo]

Estreia o pistilo de Avalon, como
um pássaro de fogo se ausenta
no voo lúgubre sem chama adequada.
[abre tuas pernas e emborca tua taça]

 “Nenhum sonho será interrompido”,

disse-me:

“Adonias : Em qual taça porás teu coração,
ventrículo de alabastro, veia de Hipólito?”
Avisei-te que arrasaria com fel as tuas entranhas!
que arrancaria tuas madeixas, enraivecido!
que te penetraria com a lança d’um romano
que te arrebataria do teu leito imundo e doce...


Disse-me o anjo : Canta-te aos puros d’alma,
Exorta-te dos ímpios e incólumes,
abstraia-te dos grilhões de Zeus,
senta-te ao lado de teus deuses
e coma do lírios quiméricos do amores teus...

sábado, 10 de maio de 2014

Água viva


Na certeza das águas
não viro pó, viro barro
que fui e sou,
um mero jarro,
ainda que feito
com esmero,
um vaso de argila,
assim eu quero...

Receptáculo andante
permaneço,
revivo e esqueço,
entre cheia e vazante
hora longe, hora perto
porém líquido e certo...

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Calvário

 









Mesmo se, numa remota possibilidade,
não tivesse existido o Cristo Jesus,
não importaria mais, esta iniquidade,
pois o sofrimento que se fez e deduz
a um corpo mutilado, auferido ao estigma,
nos intriga ainda mais ao dulcíssimo enigma,
de um ser de luz, que a todos conduz
ter-se dado ao calabouço da vida
numa ação por si mesmo, pré concebida,
de padecer e morrer pela humanidade
pregado à nossa eterna cruz...

sábado, 12 de abril de 2014

Por que o Homem canta?




Por que o Homem canta?

Ele canta porque chora.
Chora de uma dor, por um amor.
Chora o choro de criança abandonada
duma mãe que foi roubada,
por um seio sem leite,
por uma lida que se espreite...
Chora de quem demora, e espera.
De uma alegria, duma alegoria.
Chora por um parto, por uma morte
Por descaso, por falta de sorte
Dum cansaço, por qualquer mote
De um futuro que nunca vem
e de um passado de nostalgia...

Por que o Homem canta?

Ele canta porque berra.
Berra em estupor paralisia,
antítese dum’ agonia,
de ódio à letargia,
berra numa noite fria,
geleira mórbida incessante
berra dum suor constante
sob um sol desigual, escaldante
da injustiça perene,
banhada a querosene,
pólvora prensada,
berra dum grito represado
com a face retesada,
berra por um povo alienado
um país vilipendiado,
berra por ser inocente
e inclemente condenado...

Por que o Homem canta?

Ele canta porque sorri.
Gargalha da própria falha,
ri de quem dá risada,
De sua glória desperdiçada
de outro sorriso, em vão
sorri complacente,
duma criança que tenha pão...
Sorri aos pássaros, dos vasos,

aos miúdos, à natureza
ri de toda beleza,
dos menestréis, à destreza
dos cardumes, da pureza
sorri quando lhe oferecem
doces à mesa...
Sorri cantando e canta sorrindo
ri muito e com quem lhe encanta
de quem o ajuda, de quem o levanta
Enfim...Eis porque o Homem canta!


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