Sou o que sou

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Sampa, SP, Brazil
Sou terra, por ter razões. Sou berro, se aberrações. Sou medo, porque me dou. Sou credo, se acreditou

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Preconceito é feito de todo jeito, e sempre causa efeito.


Isso nem pretende nada, mas de repente, pode até ser um minúsculo ensaio sobre esse tema pra lá de complexo, que sempre permeou, de um jeito ou outro, a cultura de todos os Povos.E antecipo que, somente com as inserções de todas as opiniões que provavelmente advirá, ele estará completo...ou não !( como diria Veloso...)

( Antes de mais nada, desculpem-me se incorrer em algumas rimas, mas é “mal” renitente, pois sou apenas “gente”, vejam sem preconceito esse meu defeito...Contudo não chega a ser poesia, é apenas pra criar sinergia...Mas, já aviso : desse expediente de dialética pouco usarei, a tal da poética !)

Que Deus me ilumine e, antes que eu termine, consiga escrever sobre esse complexo tema, quase um teorema, e que me faça entender sem nenhum problema.
Pronto !...Já esbarramos numa vertente contundente: que Deus ?...O dos negros, brancos, índios, morenos, loiros, homens, mulheres, intermediários, ricos ou proletários ?...Deus do Budistas, Cristãos, Mulçumanos, Israelitas, Umbandistas, Hinduístas, Otomanos,Ortodoxos ?
Ou sera o Deus dos ateus ?

O Preconceito é uma rosa dos ventos.Não!...a bela rotunda pontiaguda que representa as direções de todos os corações, não pode ser maculada com essa pecha !
À que pode ser comparado o descarado Preconceito?...A um polvo?...Ouriço do mar?...Porco-espinho?...Esfera viral peçonhenta que segrega intolerância?...sei lá, viu...Acho que a última dessas se encaixa legal, não é mesmo?

Só sabemos que é sempre nefasto, e que serve de alabastro para a incompetência, ignorância e curteza de espírito.Mas o Preconceito não é uma entidade sobrenatural.É algo criado através ATÉ com regra unilateral, geralmente sempre por boçais, que determinam para os outros, o que tem e teriam ojeriza para si mesmos.
Mas, também é uma meia verdade. Nem sempre é criado por boçais.Pode ser criado por “eméritos” estadistas, ou famosos artistas, colunistas sociais, jornalistas, professores, pastores e papas !.O Preconceito não toma jeito nunca...Não escolhe patrões, nem vítimas.Só ganha no tapa !

Ele se camufla sempre de embate em “A versus B”, mas também não é essa a verdade.Ele é multifacetado, anda sempre mascarado, travestido de uma mistura homogenia entre “inteligência” , conduta politicamente correta e subserviência ( do outro, claro...).
Não importa qual seja a cor, o credo, a raça, a condição social, o terreno, a geografia: basta ser diferente do que “um lado” possa ser “do outro lado”, ele ataca vorazmente, as vezes arrasador, mas também por vezes de forma sutil, branda e “complacente”.Ele se disfarça de orgulho, de soberba, de superioridade e ATÉ de bondade e “justiça”!

Ele usa de sabedoria, de erudição, para atingir suas vítimas, como algoz implacável.
O Preconceito é flagelo auto-limpante, retro-alimentador, se alimenta de seus próprios excrementos.E cresce geométrica e arrogantemente, e “expurga”(pelo seu contrário...) sempre e sempre ódio, tristeza, aniquilação, desordem de todo tamanho, improdutividade, iniqüidade.

O Preconceito é mau-caráter! Ele se auto-gera !. Até em falar-se dele e combate-lo, incorre-se o perigo de insufla-lo novamente, pois é faca de todos os gumes, até dos que não enxergamos!.Suas colorações são muitas e se transmutam de acordo com a situação.Se mimetiza, se “camaleia” (por favor, sem preconceito contra o neologismo...rs)
Parece até que o Preconceito por muitas vezes foi e é usado como ferramenta ou instrumento de manipulação das massas, paradigma através de castas, padrões sociais, etnias, estereótipos.E tudo “aprovado” por unanimidade! As vezes são velados e tem corroborações e são tolerados, para funcionar como apanágio de hipocrisia e desfaçatez entre povos.
Não há como realmente comparar-se em qual época, e em que situações, o Preconceito foi “maior ou menor” na historia da humanidade até onde a conhecemos.Foi e ainda é a todo instante, permanente evento, quase ( ou totalmente !) uma pandemia sem cura previsível entre “os homens de boa vontade”.

ah !...esse tenebroso Preconceito...

Quando nós, seres humanos racionais, nos olharemos com transparência suficiente, para não enxergarmos mais a quantidade de melanina que nos cobre a carne ?
Quando nós, seres humanos inteligentes, nos ouviremos com a translucidez dos surdos-mudos?
Quando é que nós, seres humanos “filhos à semelhança de seu Criador”, realmente ouviremos sem filtros às súplicas e necessidade de nossos semelhantes? Quando seremos factualmente semelhantes e irmãos?

Sem querer tombar ao fatalismo, pessimismo e niilismo, humildemente opino, ando meio cético, meio azedo, tipo ácido acético, manja ?...Sinal dos tempos.Talvez esteja precisando aumentar minha dose do Prozac, Rivotril e Lexotan. Ou voltar a dar uma “bolinha” de fim de semana...rsrs.(...olha o preconceito !!!!....rs)


(todos os "links" terão seus autores devidamente informados no próprio conteúdo de seus alvos)

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Ode a Poe (4ª de cinzas)


Sentado em meu próprio ventre
olho pr’essas mãos que agora, acorde
pulsa em mibemolmaior – ouve e sente
hoje pianisticamente ágil e forte
amanhã jazz carne , pó e morte...

Hoje, mãos dedos performance
Amanhã, pútrida óssea catacumba
Destra mão segura_mente em transe
Sinistra, outra do anel, penumbra...

Ontem, entrelaço de ébano e marfim
Hoje, sangue exímio, Chopin carmim
Amanhã abismo plúmbeo sem fim...

Cinzas poeira em leve azafama, rodopia
Tintas veludo “parfum”, sinfonia
4ª no baixo, suspensiva agonia...

...e os corvos batem as asas e espargem as cinzas...

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

O pOvo de Deus (ou o Deus do pOvo?)


de onde vem Deus...
Deus nasceu dum ovo...
e de novo
e de ovo
e de povo
e de novo
Deus nasceu do povo...
e de um ovo
e de outro ovo
e de mais um novo
e de novo um ovo
e de mais um povo
Deus nasceu de novo
de um ovo de um povo
de novo do ovo dum povo
Deus do ovo do povo
de novo Deus novo dum ovo
o novo povo do ovo
Deus....

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

EU QUERO - ACID LOVE...( para o tema auto-conhecimento)



Eu te quero.Alucinógena
Azul e dourada.
Exótica e lânguida.
Teu olhar é de sonho e teus sonhos te escapam pelos fios de seus loucos cabelos.
E me entorpecem violentamente.
Enlouqueço.
Mordo teu corpo e bebo teus beijos.
Brinco com minha mente quando te acaricio, como se fosse meu próprio deus e senhor.
E a luz dos teus olhos, são raios que me atravessam a carne e possuem minha alma, dando-me nova e gigantesca energia.
E teu olhar verde e profundo, como um cogumelo que um dia tomei, me leva às mais fantásticas viagens e descobertas. Do teu corpo. Da tua mente.
Teus dedos são raízes de peiote que me transformam e me transportam para fora de minha circunferência.
Tenho vontades indizíveis.
Voa sobre mim, e me ensina a voar. Pois também possui asas brancas e azuis.
Loucas, rápidas, sutis.
Leves.
Voa sobre mim e solta o néctar do teu corpo, até que me banhe inteiro e me faça...
Tão leve quanto os pensamentos.
Tão fluídico quanto a luz.
Daí então conhecerei as tuas verdades, me escravizando dentro de ti.
E em meio ao campo descomunalmente transcendental , quando a madrugada me toca a alma, te sinto como vertente de alegria e âmago eterno.
Vejo a solidão universal em que estamos fixados, presos ao inexplicável e enlouquecido, tentando e absorvendo tentativas alheias, para que algo se solucione perante o infinito.
Mas, tua presença etérea completava, por milésimos de átmos de tempo, com a serenidade infinda da tua sabedoria injetada como seiva doce, à minha serenidade que obstinadamente procurava.
És mais que possas supor.
Vem...Me alucina !
Me leva em teus braços e injeta em meu corpo já plácido, tudo o que queres, pois eu te quero.
Alucinante.

EU TENHO ( p/ o tema "auto-conhecimento)



EU TENHO ( a Libertação )

Abram as portas das casas
E sirvam-se das ruas !
Espantem olhares tristonhos
E bebam dos meus sonhos

Dance nas asas da águia
Pule os muros dos olhos
Tome a cachaça sagrada
Coma o pão dos meus sonhos

Eu tenho asas, brancas, azuis
Eu tenho feras, guardadas, fuzis
Eu tenho lances,alcances, ardis
Tenho a moçada, criada, barris

Sopre o vento da noite
Corra nas praias desertas
Beije as pessoas da noite
Cace as ondas certas

Mate a beleza danada
Que danem-se os olhos castanhos
Trave uma briga cerrada
Dê o seu corpo a estranhos

Eu tenho cores,amores,fuzis
Eu tenho armas, nervosas, ardis
E tenho peso de vida, azuis
Tenho a estrada, tomada, navios...

A desesperada procura por Deus



Procuramos no macro...
Galáxias.Estrelas.Quasares.Naves
Anéis de Saturno.Luas de Urano.Telescópios
Deus não foi encontrado...

Procuramos no micro...
Partículas.Bosons.Higgs.LHC.Aceleradores
Átomos.Moléculas.Citoplasma.Microscópios
Deus não foi encontrado...

Quer ver Deus ?
1-Em frente a um espelho
2-Dispa-se
3-Mire no seu umbigo
4-Observe profundamente

Deus mora no seu umbigo.Deus mora no meu umbigo.Deus mora nos nossos umbigos

(Dia 10 de setembro de 2008
começaram ligar o LHC ( LARGE HADRON COLLIDER ),
Acelerador de partículas protônicas.
São 50 Países, 20 anos de construção, 7000 cientistas, 10 bilhões de Dólares (iniciais) investidos e/ou gastos, como queiram.
Feixes de Prótons serão desviados de seus cursos, em trações magnéticas, à se colidirem, recriando o "Big Bang".
Ninguem sabe ao certo quais serão os "presentes" advindos.
Nem os "bons", nem ou "maus"
Quem viver e vir ver, verá...
e Deus ?...brincando com seus brinquedinhos...)

além do além do além...sabe , minha louca - Poema pra San



sabe, minha louca...

tenho vontade de sumir com vc...largar tudo...
assumir esse "love" como sangue...
morar num palácio, no deserto ou mangue
só viver de seus cabelos encaracolados
de nossos beijos suados, corpos cansados...

tenho vontade de teclar um “esc”
dar um control-alt-del na vida chata
e partir pr’um cruzeiro energético,
viver um surto apoplético
de febre na mata, de arranho de gata

“deletar” todos os arquivos inúteis
reformatar o HD da alma
só pra te amar com toda calma
e viver de coisas fúteis
fazer de uma vida toda, nossa palma...

queria fazer um download
de todos nossos filmes passados
descarregar todos nossos sonhos alados
e surfar através de nossa própria rede imensa
de emoção tão óbvia, tão tesa, tão intensa...

salvar tudo em dvd-rom pra deixar à posteridade
mostrar num programa tecno-interativo
que somente contigo, sinto-me realmente vivo
e sem ti, sou apenas holograma de mediocridade...

um dia consigo...vc, comigo...em qualquer abrigo....

Gigante Brasil ! tracum DUM ! psssh ! psssh ! psssh !



Gigante Brasil !
Mais que fera na batera !
Negro.Negritude Fina
Mistura sonora de "prima"

tra tra tra
tim tipiturubim
psss ! psss ! psss !


Alegria contagiante de Gigante
Conta pra gente : porque foi ?

Tummmm ´ta...tum tum
tra ca taca tra ca taca
straáá ! straáá ! straáá !
Traca dum traca dum
psss ! psss ! psss !


Gigante Brasil !
ginga gigante da corte Orubá
Negro azulão de brilho, pra lá
um metro e noventa e tantos
que fazia dançá

Gigante era grande não por ser grande,
era grande , enorme Músico e Pessoa
e sua verve sorriso, que expande
risada sempre, querendo ou não, à toa

Gigante Brasil !
tara cum tara cum
pra ! pra ! stundum
pra ! pra ! stundum


Gigante Brasil !
leva tuas baquetas pro Céu
que seja retumbante teu tambor
e que seja da cor de negro anil
e que seja batuque de puro calor
e que toque teu Deus, de puro amor

Gigante Brasil !

tra cundum tra cundum tra cundum
psss psss psss !
stin psss taraca taraca dum dum dum
tutára tutára
trrrrrrrrrrrrrrrr...psssssssssssssss !
cradum cradum
splashhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh !


(Adeus, meu amigão !)

A incrível estória de Peter Trobow (e o galo Galdêncio)



Era uma vez, um sujeito chamado Peter Trobow.
Ele nasceu numa pequena cidade fabril.
Pequeno, como todos, e foi crescendo e crescendo.
Na medida em que crescia, foi cativando pessoas
com suas lorotas todas. Era loroteiro.
Peter Trobow conquistava cada vez mais gente ao seu redor, em muitas plagas, que não somente a sua.
Sua fama foi se espalhando, espalhando até tomar conta da confiança de todos, em muitos lugares.
Ao lado de sua cidade origem, existia uma imensa cidade
muito progressista e super-habitada e coisa e tal.
Peter Trobow com toda sua lábia, pompa e circunstância haveria de conquistar a confiança de seus cidadãos.
E conquistou.Chegou à glória.
Alias, foi nessa cidade onde praticamente seu prestígio
atingiu os píncaros.
O tempo passou, e Peter Trobow, no auge de sua fama pisou muito feio na bola. Escorregou sem dó na maionese.
Se meteu, por conta própria, com quem não devia (ou devia...e muito).
Mostrou realmente quem era e para que viera.
Infelizmente, como em terra de cego, quem tem olho é caolho, apesar da má fama que Peter Trobow adquirira depois de desmascarado,
ainda muitas cercanias, iriam acreditar nas suas lorotas e desatinos.
Mas...NÃO NA GRANDE CIDADE!
Nela, onde praticamente nascera e criara história, haveria de sucumbir.
Peter Trobow começara a morrer lenta e dolorosamente, no próprio berço onde um dia, cresceu e se fortaleceu.

"Morais" da estória : “ Nunca faça pros outros, o que não quer pra si mesmo”
ou
“Toda moeda tem dois lados diferentes.Você tem somente 50 por cento de chance de acertar qual deles irá cair virado pra cima”
ou
“Aqui você se ferrou, Peter Trobow.Seu galo foi pra panela e virou canja”

Karma'em Guia !



Meu Karma esta caindo
Meus pontos também
Fantasmas aparecendo
e todos nós dizendo : Amém !

Minha sarna está coçando
Meus votos também
Ectoplasmas se insurgindo
e todos aqui, sem vintém

Minha pá, larva, está secando
Meus postados também
Ajudas vão todas fugindo
Figuraças todas sumindo
a as verbas ?... belém, belém

Minha paciência se esgotando
e o Circo, o que é que tem ?
Tem marmelada grudando
Tem sim “sinhô”, vem que tem !

Blumen...Blumen...Blumenau



Blumen...Blumen...Blumenau
tuas flores úmidas choram
tanta água assim, todo mal

Blumen...Blumen...Blumenau
sem poesia que te acalante,por hora
onde toda flor esmaece, agora
onde toda flor diminuta, chora
tu precisas de água limpa, teto e sal

Blumen...Blumen...Blumenau
sem a poesia , sem canção
todas tuas flores só, ja estão
precisam agora de carinho e pão
pricisam agora e sempre, toda oração...

Blumen...Blumen...Blumenau

Z'URUBU



z'urubu posô na minhá canjica
ai ai ai
xô, z'urubu marvado
xô, tinhoso danado !

z'urubu cagô na minhá cabeça
ai ai ai
caga não, z'urubu, na minhá cachola
xô, z'urubu marrento, xô !

vai de reta, z'urubu caguento, vai !
si não chamo carcará pra ti zombá
ai ai ai
vem carcará pra cumê z'urubu, vem
xô, z'urubu disgracento, xô !

z'urubu vai gorá nh'otras praga, vai !
xô, z'urubu carnicento, xô !

objetos e localidades e UTIs



um poste é um poste

um prédio é um prédio

uma rua é uma rua

numa rua tem postes e prédios

Edifícios

é dificil encontrar uma rua sem postes

mas não é tão dificil encontrar ruas sem prédios

não há muitos prédios nas periferias do Brasil.

nem tantos postes, nas periferias do Brasil.

muito menos UTIs.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Auto-conhecimento



Eu me apresento...
Adentro-me em tua vida, como o ator sobe o palco e enfrenta o espetáculo.Sem saber quem está nas coxias ou sem ao menos saber se alguém me espera nos camarins. Mas sabendo o que faz, aqui e agora.
Sou tua parte;És parte de mim.
Sou tua criação e tu não me conheces, mas...Eu te conheço. E muito...Muito !
Sou quem te puxa as rédeas, quando pensas em correr.
E sou quem te incendeia as asas, quando estás a voar. Pois eu tenho as asas, brancas e azuis, e não te permito voar.
Te tolho, te arreganho, te espezinho, ao simples prazer, meu simples prazer da conquista.
Tenho tuas mãos algemadas, teus olhos vendados, tua língua entalada...
Quando danças, pertenço aos teus passos errados, fazendo-te passar o ridículo momentaneamente infindável.Sou o sangue que te enrubesce as faces, quando cometes o erro que eu mesmo te provoquei errar.
Mas...Tente !!!...Vamos, tente !....TENTE !!!
Saboreie o néctar da liberdade inexistente !
Corre aos ventos da noite, que eu serei o gelo que te cortará as faces.
Corra nas praias desertas e quentes, que estarei abaixo de teus pés, em forma da mais escaldante areia.
Beija as pessoas da noite que te buscam para o prazer, que serei os demônios que te infernizam o sono.
Viva a procura eterna dos sonhos da tua delinqüência.
Abuse dos prazeres inócuos da vida irreverente, que lá estarei para te deixar aos vermes senis da hipocrisia.
Sou teu prisioneiro latente que fica sempre à tua espreita, esperando o teu passo mais largo que permitam tuas pernas...
Sou teu ódio que te avisa que tua vida é convenção de loucos, carrossel de poucos que brigam pela posse da estrada.
Sou a solidão que te enfurece, pois quando estás só, penetras no teu próprio ser, cata os teus problemas íntimos, alimenta-os, interioriza-os , e ai então vez quanta merda e loucura traz na tua cabeça e na tua alma...
Tens muito medo de mim !...Pois, tenho nas minhas mãos o pior dos teus sentimentos : PENA DE SÍ MESMO.
Quando eu quiser, eu te mato, mas jamais tu conseguirás fazer o mesmo comigo...

PEQUENO ENSAIO SOBRE A VIRTUDE ( PARTE 1ª)


Prólogo

Tudo o que foi feito, feito está.
Não pode ser desfeito e nem refeito. Nem sequer mudado.
Isto é ilusão. Nem é mais ilusão. Inexiste.
Pois, já que foi feito, já causou efeito.
Se desfeito for, já não importa...
E se refeito for, já não será o mesmo.
Será outro diferente. Será novo.
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“Primeiridade”

Na cidadezinha mineira havia três praças em três níveis geográficos diferentes. A da matriz, a do meio e da entrada da cidade, mais embaixo.
O menino que passava as férias de meio de ano, iria ter com os seus tios-avós, já bem mais velhos. Casa antiga. Mais de cem anos, certamente.
Tio João lhe era o predileto.Magérrimo, pequeno, calvo e um belo nariz aquilino, peculiar à sua ascendência italiana. Tinha um tique: esfregava as mãos palma a palma, enquanto passava a língua pelos cantos dos lábios. Sinal de que já estava “altinho”.
Na praça do meio, na mesinha de pedra rústica, à sombra de frondosas, o menino teve seu batizado: a primeira cerveja tomada com carinho e com pastéis. Ensinada a cada gole, lentíssimo. Pra aprender a saborear e ultrapassar o amargo.Sem cara feia. Sentindo o efeito do gelo pelas goelas.Puro prazer.
Estava celebrado o início de uma vida, à experiência de outra já há tanto vivida.
Saudades muitas, tio João...
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O inesperado e concebido

O casal passava por dificuldades.
Esforço incondicional.
Filhos pequenos, vida complicada. Recomeço.
O menino adoecera na época do Natal: Hepatite.
E entendia perfeitamente o que se passava em sua casa. Tinha consciência plena e tranqüila que, naquele ano, não haveria presente algum.
Nem se importava com isso, pois sabia bem das vicissitudes pelas quais passava a família.
No dia 25 de dezembro, o menino levanta-se da cama pela manhã, pra ir ao banheiro.
Na volta, encontra no meio de sua cama, com as cobertas à surpresa, uma pequena caixa retangular, embrulhada pra presente.
Desembrulha-a.
Era um aeromodelo da Revell. Uma réplica perfeita de um helicóptero militar de 16 lugares, à ser montado. E que o menino adorava montar.
Fora o mais importante e expressivo presente já recebido pelo menino, de seus pais, em qualquer tempo.
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Il tempo per scherzare (tempo pra brincar)

A festa natalina rolava solta na casa da “matriarca”, a avó.
A família toda junta. Verão paulista de dezembro.Calor de rachar.
Tios...Primos...Irmãos...Visinhos...Uma “italianada” do alem.
E muito vinho, idem cerveja. Heresia permitida num país pra lá de tropical.
Comidas então, nem se fala. Menu indescritível.
Como toda boa família católica de origem italiana, até o cônego Olavo foi convidado.
Da igreja do bairro. Da comunidade.

Tio Chico ( Francesco) era personagem Felliniano. ( pra quem assistiu, o “ceguinho” acordeonista do “ E la nave vá” , quase igual). Autodidata de inteligência e cultura primorosas. Foi pra escola até o primário, Depois, trabalho.Alfaiate por ofício.
Contava que, entre outros tantos contos, quando criança em Rivello, província de Potenza, na Basilicata, ganhava alguns tostões ajudando a tocar o fole do órgão da pequena capela. Era trabalho e diversão. Ao Brasil, veio com 20 anos.
Sentavam todos, os primos e irmãos da 3ª geração, ao seu redor, ouvindo sua estórias alucinantes e brilhantes...Das viagens de suas leituras...Dante...Boccaccio.Da vida rica.
Sempre muito divertidas, por mais tristes que fossem.

E enquanto o cônego Olavo cantava junto com o tio José “Padre”, a “Santa Lucia”, a avó enxugava as lágrimas da saudade dos tempos idos. Já todos meio embriagados de vinho, suor, cerveja, cantoria, lembraças e lazagna ao molho “triplo burro” (três manteigas), com "porpetas" e "prosciutto crudo con radice"
As crianças na marquise da frente do casario, sentados no chão, se esborrachavam de rir com a cena da “Santa Ceia demodê ”.
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A face oculta

Na pequena "cova de palmos medidos" (JCMN), onde mal cabia o exíguo caixão, os coveiros forçam aos cabedais, o encaixe estreito e forçado.
Dentro dele, tia Zélia. Franzina tal qual sua derradeira barcarola.Somente seu vaso ja roto, do grande Oleiro.
Grande pedagoga. Enorme.
Intelecto, doçura e humildade exemplares, pelo seu mínimo.Deu sempre do seu máximo.À todos, sem distinção. Sempre.
Calou-se solitária com apenas alguns de seus “alguens”, ao seu lado.
Quem passou toda vida a ensinar e educar, aprende agora, a grande lição do sono eterno.
Com quem se encontrará ?...Certamente com Sonia, sua filha pródiga e única, grande pianista que partiu bem antes.
Manuel de Falla acalenta o sono. Uma de suas preferidas : Danza Ritual del Fuego ( El amor brujo)
e Chopin...Certamente, prelúdios.
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A inútil insistência do existir

É uma linha tênue...

Existir...Viver.

A vida é eterna. Atemporal.
Não depende da vontade do ser.

A existência é finita.
Tem sua curta jornada: começo, meio e fim.
O existir é tempo. Tem seu tempo.
Depende da vontade do ser, de viver, ou não.

Contudo, o tempo de viver é relativo à velocidade do existir.

O astronauta do futuro, agora no presente, viaja à velocidade da luz.
O seu tempo se alonga. Já não dura o mesmo tempo de seus observadores presos e estáticos, aqui na Terra ou onde for...
Um segundo torna-se dois. Ou três. Tudo no mesmíssimo instante. Num gráfico Cartesiano, forma-se a hipotenusa distorcida que prova a teoria misteriosa.
Hipotenusa, ora musa suprema e extrema do sonho...
extremo e latente....e insistente....da hipótese da transcendência atemporal do ser e existir.

Se o tempo tem a capacidade elástica de expansão através da mecânica...Burlando a cinética , terá o ser a capacidade de burlar a morte , com sorte , através da dinâmica ?
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Química, pura química...

Sobre tuas coxas escorre o néctar e o néctar lambuza meus dedos e os dedos escorrem por tuas coxas que produzem o néctar que lambuza minha língua que escorre a saliva nas tuas bocas cheias de néctar e de dedos que penetram em tua língua que lambuzam do meu néctar que penetram nas tuas bocas que misturam com seu néctar com a saliva dos teus dedos que penetram nas suas coxas que segregam no teu néctar de teus dedos em tuas coxas da minha língua com o meu néctar da saliva da tua língua que misturam com os dedos que segregam mais do néctar das tuas bocas em minha língua que passeiam no teu néctar e lambuzam os meus dedos que segregam em nossas línguas o meu néctar sobre as coxas que são tuas....
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À PROCURA DO TEMPO PERDIDO (ou a saga humana pintada por Marcel Proust...)

Olho para traz e já...vejo apenas três dias...o antes, ontem e hoje.
Sem nada para que me prenda ou de que me despoje
Somente relâmpagos etéreos que iluminam a névoa da lembrança
Dias poucos, dias íntimos e desprovidos de nenhuma esperança...
Ao sabor do nada e de imagens desconexas, penduradas no varal da nossa história;
Decantando os lençóis amarelados, cor sépia refletidos na umidade da memória...
Brisa outrora suave e morna que agora em vendaval se transforma
Gélido e cortante tão distante e antigo, que nossa face deforma...
Quão vaga e tênue é a branda visão que alucina, e paira?
Se no desvelo da noite negra surgem novos açoites
Querendo forçar-nos ao lúgubre manto intangível da noite
Aonde se vão os suores flácidos e miríades do que baila?
Sempre que outrem anseia, a dúvida amarga do estar sendo...
E, à sombra se deita sedenta por se estar querendo
Todo cantil que o passado exala e contamina a garganta
Na doce calma da eterna alma que se levanta...

DÁ-LHE DOCE ! (ou...Formigões, atacar !)


Tristeza, solidão, esculhambação ?
Dá-lhe Doce
Emoção, medo, surpresa ruim ?
Dá-lhe Doce
Surpresa boa, mágoa, carência ?
Dá-lhe Doce
Perdeu, ganhou, achou ?
Dá-lhe Doce
Deliberou, omitiu, claudicou ?
Dá-lhe Doce
Roubou, tentou, naufragou ?
Dá-lhe Doce
Sufragou, arrebentou, mofou ?
Dá-lhe Doce
Protestou, acusou, deferiu ?
Dá-lhe Doce
Inspirou, compôs, não tocou ?
Dá-lhe Doce
Tocou, abafou, aplaudiu ?
Dá-lhe Doce
Berrou, doeu, piorou ?
Dá-lhe Doce
Transou, brochou, não gozou ?
Dá-lhe Doce
Gozou, delirou, viajou?
Dá-lhe Doce
Conseguiu, comeu, festejou ?
Dá-lhe Doce
Saiu, dançou, escorregou ?
Dá-lhe Doce
Pariu, sofreu, sossegou ?
Dá-lhe Doce
Sonhou, casou, separou ?
Dá-lhe Doce
Tomou, gostou, aprovou ?
Dá-lhe Doce
Beijou, melou, esfregou ?
Dá-lhe Doce
“Chinelou”, apertou, estatelou ?
Dá-lhe Doce
Deu, vacilou, engravidou ?
Dá-lhe Doce
Pirou, surtou, escoiceou ?
Dá-lhe Doce
Fugiu, caiu, se ferrou ?
Dá-lhe Doce
Sorriu, relaxou, deitou ?
Dá-lhe Doce
Poetou, transgrediu, delirou ?
Dá-lhe Doce
amedrontou, se cagou, borrou ?
Dá-lhe Doce
Serviu, acudiu, ajudou ?
Dá-lhe Doce
Olhou, desviou, evitou ?
Dá-lhe Doce
Mexeu, correu, saltou ?
Dá-lhe Doce
Atirou, feriu, chorou ?
Dá-lhe Doce
Amou, sorriu, acalentou ?
Dá-lhe Doce
Tossiu, grilou, não curou ?
Dá-lhe Doce
Sentiu, armou, revoltou ?
Dá-lhe Doce
Viveu, corroeu, abalou ?
Dá-lhe Doce
Morreu, vôo, não chegou?
Dá-lhe Doce
ESCREVEU, NUM LEU, PAU CUMEU ?
DÁ-LHE DOCE !
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